A família de Deise Moura dos Anjos, presa por suspeita de envenenar com arsênico a farinha usada em bolo, convivia com os parentes do marido dela, Diego Silva dos Anjos, que morreram após comer o doce, em dezembro do ano passado.
— A família tem sofrido muito justamente pelo fato de que o casamento entre a Deise e o esposo é um casamento de mais de 20 anos. Então a gente tem que pensar que são dois núcleos familiares que convivem pelo menos há 20 anos. São pessoas que se conhecem e por mais que não tenham convivência diária, essa questão de frequentar casa, eram pessoas que se encontravam em aniversários, outros eventos — afirmou a advogada Fernanda Grivot, que representa a família da Deise em entrevista ao Timeline, da Rádio Gaúcha.
A advogada não representa a presa, apenas os parentes dela, e disse que eles não estão em condições de se manifestar, por isso ela tem falado em nome da família.
— Existe o sofrimento tanto por parte da Deise estar sendo acusada desses desses fatos todos, o sofrimento de quem nunca passou por uma situação dessas, nunca precisou contratar um advogado criminalista, nunca precisou ah se preocupar com questões desse tipo. E também por perder essas pessoas que são próximas e que também tinham um carinho — detalha a advogada.
Veja a entrevista:
Questionada se a família acredita que Deise seria capaz de cometer esse crime, a advogada salientou que não há nenhum indício anterior de que ela tenha agido desta forma:
— Caso fique comprovado que ela realmente fez isso vai ser uma surpresa, uma decepção para a própria família. Não não tem nada que leve eles a acreditar que ela possa ter feito ou que leve eles a acreditar que ela não possa ter feito.
A advogada ressaltou que a família sabia das desavenças de Deise com a sogra, Zeli Teresinha dos Anjos, e com a prima do marido, Tatiana Denize Silva dos Anjos. Uma das brigas envolvia a igreja do casamento. A presa queria fazer a cerimônia em um determinado local, mas não gostou que pouco tempo antes Tatiana resolveu fazer no mesmo lugar.
Ela destacou ainda que a família de Deise não perdeu o contato com o marido dela, Diego, nem com o neto. O menino, inclusive, ficou uns dias com os familiares da presa logo depois do fato.
— O marido da Deise conversa com a família dela sobre o que está acontecendo — destacou.
Entenda o caso
Em 23 de dezembro do ano passado, seis pessoas da mesma família precisaram de atendimento médico após comer fatias de um bolo de reis em Torres, no Litoral Norte.
Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos, Maida Berenice Flores da Silva, 59, e Tatiana Denize Silva dos Anjos, 47, filha de Neuza, morreram.
O bolo foi preparado por Zeli Teresinha Silva dos Anjos, 61. Após comer duas fatias, Zeli passou mal e foi internada na UTI do Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, em Torres, onde ficou 19 dias.
Um menino de 10 anos, neto de Neuza e filho de Tatiana, também ficou hospitalizado, mas foi liberado após alguns dias.
Jefferson Luiz Moraes, 60 anos, marido de Maida, foi liberado após atendimento médico. O marido de Neuza também estava na confraternização, mas não comeu o bolo.
Após as suspeitas da polícia sobre Deise, a investigação pediu a exumação do corpo de Paulo Luiz dos Anjos, marido de Zeli, que morreu em setembro. À época, a causa da morte foi atestada como intoxicação alimentar, mas a exumação confirmou o arsênio como causa da morte de Paulo também.