A sogra e o marido da mulher presa por suspeita de ter envenenado o bolo que deixou três pessoas mortas em Torres, no Litoral Norte, prestaram depoimentos, como testemunhas, nesta segunda-feira (20) à Polícia Civil.
Segundo a investigação, Zeli Teresinha Silva dos Anjos seria o "principal alvo" de Deise Moura dos Anjos. Ela comeu o bolo e ficou 19 dias internada. Ela e Diego Silva dos Anjos não são tratados como suspeitos pela polícia. A informação sobre os depoimentos foi confirmada à reportagem pela Polícia Civil do RS.
Deise está presa temporariamente, e é investigada por suspeita de triplo homicídio e de três tentativas de homicídio, todas envolvendo o caso do bolo envenenado. Ela também é investigada pela morte do sogro, marido de Zeli, que morreu em setembro após ingerir arsênio.
A polícia afirma que Deise comprou arsênio quatro vezes em um período de quatro meses. Uma das compras ocorreu antes da morte do sogro – que morreu por envenenamento – e as outras três, antes da morte de três pessoas que consumiram o bolo envenenado, em dezembro. O veneno teria sido recebido pelos Correios.
A Polícia Civil afirma que há "fortes indícios" de que Deise tenha praticado outros envenenamentos e não descarta novas exumações. A RBS TV apurou que a suspeita envolve o pai de Deise. José Lori da Silveira Moura morreu aos 67 anos, em Canoas, em 2020, supostamente por cirrose. Devido ao comportamento "frio", a polícia busca esclarecer outros casos de morte de pessoas próximas a ela.
Exames realizados na urina do marido e do filho de Deise apontaram resíduos de arsênio, o mesmo veneno encontrado no bolo de reis.
Polícia diz que sogra era alvo
Segundo o delegado responsável pelo caso, Marcos Veloso, a sogra da suspeita era o principal alvo dos envenenamentos.
"Ela (Deise) estava no dia 2 de setembro, quando ela (Zeli) fez o café com leite em pó e tudo mais, junto com seu marido, e também estava no local em que Zeli fez o bolo em Arroio do Sal e ela também consumiu o bolo e também foi para o hospital", diz.
A polícia já confirmou que Deise levou o leite em pó para a casa dos sogros. Agora, a investigação tenta entender como a farinha usada para fazer o bolo de Natal parou na dispensa de Zeli.
O que diz a defesa de Deise
Em nota divulgada no dia 10 de janeiro, a defesa da suspeita Deise Moura dos Anjos, presa temporariamente, alega que "as declarações divulgadas ainda não foram judicializadas no procedimento sobre o caso" e que "aguarda a integralidade dos documentos e provas para análise e manifestação".
"As declarações divulgadas na coletiva de imprensa ainda não foram judicializadas no procedimento sobre o caso, assim a Defesa aguarda a integralidade dos documentos e provas para análise e manifestação.
A Defesa já realizou requerimentos e esclarecimentos no inquérito judicial, referentes aos andamentos da investigação, aguarda neste momento decisão judicial."