O Ministério Público do Rio Grande do Sul analisa postagens em redes sociais com a presença do influenciador Dilson Alves da Silva Neto, o Nego Di. Na quarta-feira (27), o humorista deixou a prisão após ficar mais de 130 dias detido. Ele foi solto depois de o Superior Tribunal de Justiça (STJ) conceder habeas corpus.
Conforme decisão, um dos itens das medidas cautelares é proibição de frequentar e usar redes sociais, o que gerou a hipótese de que as publicações possam ter desrespeitado a condição.
Em nota, o Ministério Público afirmou que "todas as informações e notícias sobre possível violação serão analisadas para que o MPRS tome as medidas cabíveis". O órgão não especifica se pedirá que Nego Di retorne à prisão, caso a avaliação encontre elementos de que houve alguma irregularidade.
Uma das publicações que levantou a discussão foi realizada pelas advogadas de defesa Tatiana Vizzotto Borsa e Camila Kersch Rodrigues. O registro foi apagado e não está mais disponível.
Na foto, as duas aparecem sorrindo e brindando em primeiro plano, com Nego Di sentado ao fundo, fazendo uma saudação com a mão para a câmera. A postagem ainda contava com a frase: "Como esperamos para postar este retrato".
Procurada pela reportagem, a advogada Tatiana Vizzotto Borsa afirmou que não se pronunciaria a respeito do caso.
Solto com condições
O influenciador é réu por estelionato por supostamente ser sócio de uma loja virtual que, segundo centenas de clientes, não entregava os produtos que oferecia. Após ser preso pela Polícia Civil gaúcha em Santa Catarina, ele foi conduzido para a Penitenciária Estadual de Canoas 1 (Pecan 1), na Região Metropolitana.
Na decisão pela soltura, o ministro Reynaldo Soares da Fonseca, do STJ, disse que "os fatos denunciados datam de 2022", que "a investigação foi concluída", que "a ação penal está em curso" e que "os supostos crimes não envolveram violência ou grave ameaça". O magistrado também avaliou como pontos favoráveis o fato de Nego Di ser réu primário e ter residência fixa.
O juiz ainda determinou cinco medidas para que a liberdade provisória fosse concedida:
- comparecimento periódico em juízo para justificar suas atividades;
- proibição de mudar de endereço sem autorização judicial;
- proibição de se ausentar da comarca sem prévia comunicação ao juízo;
- proibição de frequentar/usar redes sociais; e
- recolhimento do passaporte.
A investigação aponta que o humorista teria vendido produtos de sua loja online, a Tá di Zuera, que nunca foram entregues aos compradores. A Polícia Civil recebeu mais de 370 denúncias de consumidores que acreditam ter sido vítimas de golpe. O delegado Marco Guns, titular da 1ª Delegacia de Polícia de Canoas, responsável pela investigação, aponta que o número de vítimas pode chegar a 1,8 mil.
Na decisão, o juiz menciona que a defesa alegou que Nego Di "não teria participado do esquema com a finalidade de causar prejuízos, tanto que buscou ressarcir todas as 18 vítimas", acrescentando que o influenciador seria vítima do ex-sócio, que também foi preso.