A reconstituição da morte de João Vitor Macedo, 15 anos, teve início nesta segunda-feira (5). O procedimento ocorreu no bairro Agronomia, zona leste de Porto Alegre, localidade onde o adolescente foi encontrado com ferimentos de tiros na noite de 28 de março.
A reprodução simulada foi realizada pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) com apoio da Polícia Civil. Segundo o IGP, o trabalho foi dividido em duas etapas. Neste primeiro momento, o processo foi feito com o suspeito do crime — um policial civil. Uma segunda etapa ocorrerá na próxima sexta-feira (9), com participação de testemunhas.
Segundo o IGP, o trabalho foi dividido em dois dias "para facilitar a logística necessária em relação à execução do exame".
O intuito da reprodução é compreender se as versões ouvidas durante a investigação são compatíveis com a realidade. Para isso, cenários são reproduzidos e testados pelos peritos, que verificam se o relato é condizente.
A família da vítima afirmou à reportagem que não foi avisada sobre a realização do procedimento nesta segunda-feira, tendo sido informada somente da atividade agendada para o dia 9.
A Polícia Civil afirmou, em nota, que o caso "está sob investigação da Corregedoria da Polícia Civil, a qual permanece realizando diligências e está comprometida em elucidar o fato, realizando todas as diligências necessárias" (leia a íntegra abaixo).
Relembre o caso
João Vitor Macedo, 15 anos, vivia com a avó paterna, no bairro Agronomia, na zona leste de Porto Alegre. Na noite de 28 de março, foi encontrado ferido no Beco dos Marianos. Encaminhado ao Hospital de Pronto Socorro, o adolescente não resistiu.
A Polícia Civil identificou a viatura do Departamento de Polícia Metropolitana e os agentes que estariam envolvidos na ação. Um dos indícios analisados é um vídeo obtido por meio de câmeras de segurança de um estabelecimento próximo de onde João Vitor foi morto.
As imagens teriam registrado cenas de João Vitor e outro adolescente correndo na Avenida Bento Gonçalves, em direção ao Beco dos Marianos, e de uma viatura seguindo na mesma direção, com o giroflex ligado. Algum tempo depois, o outro garoto retorna correndo e o veículo da Polícia Civil deixa o beco.
Neste momento, João Vitor já teria sido baleado — ele foi socorrido mais tarde por populares e levado ao hospital. O adolescente, segundo a família, sofreu três paradas cardíacas e não resistiu.
Em abril, a Corregedoria-Geral da Polícia Civil confirmou que um servidor havia confessado os disparos, mas que as circunstâncias em que isso se deu ainda seriam melhor apuradas.
Leia nota da Polícia Civil
"A Polícia Civil está empenhada em apurar o caso ocorrido no bairro Agronomia, em Porto Alegre, no dia 28 de março, quando um adolescente foi baleado por um policial civil em serviço.
O caso está sob investigação da Corregedoria da Polícia Civil, a qual permanece realizando diligências e está comprometida em elucidar o fato, realizando todas as diligências necessárias.
Cabe destacar que, tão logo a investigação se encerre e todas as provas sejam coletadas, bem como a reconstituição seja realizada, o inquérito será enviado para a Justiça.
As circunstâncias da abordagem realizada pelos policiais civis e sua atuação estão sendo devidamente apuradas, e todas as medidas cabíveis serão adotadas."