A Polícia Civil deflagrou, nesta quinta-feira (8), uma operação contra um grupo apontado como responsável pelo ataque a uma agência do banco Santander, na Vila Ipiranga, zona norte de Porto Alegre, em março deste ano. Foram cumpridos cinco mandados de prisão temporária, com prazo de 30 dias.
Um dos detidos é um policial militar da reserva, de 52 anos, localizado em Cachoeirinha. Dois homens de 44 e 35 anos foram presos em Porto Alegre, e outro de 25 anos foi encontrado em Gravataí. Em Jaguaruna, Santa Catarina, foi preso um suspeito de 36 anos. Como as prisões são temporárias, os nomes dos detidos não foram divulgados.
Houve ainda uma prisão em flagrante por porte irregular de arma em Santa Catarina. Este homem, no entanto, não tem relação com o ataque a banco, segundo a polícia.
A Operação Intocáveis cumpre ainda 51 mandados de busca e apreensão em Porto Alegre, Gravataí, Canela, Canoas, Alvorada, Viamão, Cachoeirinha e Jaguaruna (SC). Dentre os objetos apreendidos, estão um rádio comunicador, duas pistolas calibre .380, um revólver calibre 38 e pequena porção de maconha, além de um veículo Gol.
A agência bancária alvo dos bandidos fica na Avenida do Forte. No dia do roubo, em 16 de março, os criminosos invadiram o local antes da abertura e fizeram funcionários reféns. Pessoas que passavam pela rua perceberam a ação e chamaram agentes da 14ª Delegacia de Polícia, que fica na mesma avenida.
Na ocasião, um homem identificado como Alexandre Renato Pereira de Lima foi baleado por um policial e morreu no local — conforme a Polícia Civil, ele estava com um simulacro de arma de fogo e foi atingido em legítima defesa do policial. Outros quatro foram presos em flagrante: Adriano de Lima Kadoch, Cleber Leonardo Alves Fogaça, José Carlos Cardoso Junior e Rogério Lopes Lacerda.
Todos foram denunciados pelo Ministério Público e condenados pela Justiça por roubo, com penas que superam os 12 anos de prisão. Eles estão detidos em regime fechado. Nenhuma quantia em dinheiro foi levada do banco, mas os criminosos roubaram celulares e outros objetos.
Após o crime, a polícia identificou que havia a participação de outras pessoas, que conseguiram fugir porque estavam do lado de fora da agência. Eles davam apoio logístico e operacional aos criminosos que entraram no prédio — o policial militar da reserva, segundo a investigação, fornecia apoio à distância, com informações sobre a reação das forças policiais.
— As pessoas que estavam do lado de fora mantinham contato em tempo real com quem estava dentro da agência, por meio de aplicativos de mensagens. O homem que foi morto estava em uma chamada de voz com os demais. Pelas imagens, percebemos que, quando eles percebem a chegada da Polícia Civil, deixam os locais onde estavam. Já o policial militar da reserva estava em casa, e participava logisticamente, monitorando as forças policiais. É uma pessoa que nunca foi indiciada, nem condenada, mas já se tinha notícia de que poderia ter participado de outras ações criminosas — relata o delegado João Paulo de Abreu, da 1ª Delegacia de Polícia de Repressão a Roubos, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), responsável pela ação.
O fato de os quatro homens que entraram na agência terem sido detidos colaborou para a investigação:
— O sucesso do trabalho é que a Promotoria e a Vara de Investigações colaboraram desde o início, com análise e deferimento de medidas cautelares de forma ágil — afirma o delegado.
A Operação Intocáveis conta com apoio da Brigada Militar e da Polícia Civil de Santa Catarina. Cerca de 150 policiais, entre civis e militares, participam da ação.