O ex-chefe da unidade de Serviço de Fiscalização de Produtos Controlados da 1ª Região Militar do Exército, tenente-coronel Alexandre de Almeida sob acusação de participar de um esquema de desvio de armas. Ele era a mais importante autoridade do setor na gerência de armamentos que circulam no Rio de Janeiro e no Espírito Santo. Preso na terça-feira (24), o militar tinha como atribuições regular a importação e o comércio de armas, os clubes de tiro, a venda de explosivos, a blindagem de veículos, além das atividades de caçadores, atiradores e colecionadores — estes últimos conhecidos pela sigla CACs. As informações são do jornal O Globo.
Conforme inquérito policial-militar instaurado pelo Exército, o armamento desviado pelo tenente-coronel Alexandre de Almeida era repassado ao Guerreiros Escola de Tiro e Comércio de Armas, na cidade de Serra, no Espírito Santo, por intermédio do irmão do oficial, Rafael Felipe de Almeida.
O que possibilitou mapear o esquema foi o desvio de uma pistola calibre 9mm, da marca Taurus, entregue por um coronel ao Serviço de Produtos Controlados, assim que este oficial passou à reserva. Ao se informar em dezembro do ano passado sobre o destino da arma, o oficial descobriu que a pistola tinha sido repassada ilegalmente para o CAC Rafael de Almeida, que a enviou para o clube capixaba.
Após busca e apreensão no clube de tiro, o Exército constatou a existência de um esquema regular de desvio de armas do Serviço de Fiscalização de Produtos Controlados da 1ª Região Militar para o mercado negro. O dono do clube, Marcos Antônio Loureiro de Souza, admitiu que a unidade havia recebido 110 “armas antigas”, que foram recolhidas por ele na própria casa do tenente-coronel e levadas para Vila Velha.
O proprietário ainda revelou que, após ouvir do tenente-coronel que a sua geladeira estava velha, comprou um aparelho doméstico novo para Almeida — entregue na residência do oficial, na Praia Vermelha, no Rio de Janeiro. Marco Antônio também entregou ao Exército registro de conversas mantidas com o tenente-coronel pelo aplicativo Whatsapp. Nelas, Almeida orienta o empresário a afirmar aos investigadores que a pistola 9mm, que motivou o início do inquérito policial-militar, “nunca esteve na empresa”.
No pedido de busca e apreensão feito pelo MPM, os promotores militares sustentam que os indícios demonstram que “o tenente-coronel Almeida utilizava-se das prerrogativas de seu posto e sua função para suprimir os procedimentos previstos para a transferência e regularização de armamento, bem como as publicações em boletim de entrada e saída de armamentos, vindo a, em tese, auferir vantagens pecuniárias”