Na porta do salão de festas do condomínio onde mora, um grupo de sete jovens se preparava para uma noitada de videogame entre amigos neste sábado. Não sair dos arredores de casa foi a opção escolhida para se preservar da violência que inclui tiros a esmo e assassinatos sem motivação no bairro Rubem Berta, na zona norte de Porto Alegre.
A alternativa considerada até então segura pelos jovens acabou com Luís Eduardo Alves da Silva, 18 anos, e Alessandro Manjoli de Oliveira, 22 anos, ambos sem passagem pela polícia, assassinados a tiros no início da madrugada deste domingo por pessoas ainda não identificadas.
Leia mais
Homem é assassinado na Vila Jardim, na zona norte de Porto Alegre
Jovem é morto na Vila Farrapos em Porto Alegre
Corpos são encontrados próximo a presídio onde houve 1ª rebelião em Manaus
Pouco depois da meia-noite, já neste domingo, os amigos ouviram conversas vindas da rua e combinaram ficar em silêncio na entrada do salão de festa, conta o familiar de uma das vítimas do ataque.
Quando perceberam que os atiradores iriam pular o portão de grades que dá acesso ao residencial e que permanecer ali não seria seguro, decidiram correr para a porta de entrada do condomínio, ficando no campo de visão dos criminosos. Foi neste momento que os bandidos, do outro lado do portão, abriram fogo, matando Silva e Oliveira a poucos metros de suas casas, no pátio do condomínio.
– Eram guris bons, trabalhadores. Não tinham envolvimento nenhum com drogas ou com a criminalidade. O que está acontecendo aqui é um absurdo – disse uma moradora do residencial que não quis ser identificada.
Enquanto conversava com a reportagem, a mulher de 47 anos virava a cabeça de um lado para o outro e se inclinava para espiar quem entrava na Rua Fernando Camarano, palco do assassinato. O medo é constante na região.
– Não fico na rua. De dois anos para cá ficou muito perigoso. A gente pode estar conversando, como estamos agora, e entrar um carro atirando em todo mundo. É isso que tem acontecido – explicou.
Atrás de duas grades trancadas por quatro cadeados, um homem de 50 anos diz que as cenas de terror no bairro são protagonizadas por ocupantes de um carro branco, que atiram sem se importar quem são as vítimas.
– Matam quem está na rua. Querem matar, não importa quem – disse.
O delegado Leandro Bodóia, do Departamento de Homicídios, confirma que homens teriam invadido a rua em um carro e disparado a esmo, mas a Polícia Civil ainda não sabe quem são.