Com ações judiciais em três tribunais federais dos Estados Unidos, Scarlett Pavlovich acusa o escritor britânico Neil Gaiman e sua ex-mulher Amanda Palmer de tráfico humano e estupro. Ela era funcionária doméstica do ex-casal, que nega as acusações, conforme a revista Variety.
Em processos movidos em Winsconsin, Massachusetts e Nova York, Pavlovich alega ter sido agredida sexualmente por Gaiman diversas vezes. O crime ser consentido por Amanda, que teria apresentado a ex-funcionária ao então marido para satisfazer algum dos desejos do companheiro.
Pavlovich realizava tarefas domésticas e cuidava do filho do ex-casal. Conforme a Variety, a primeira agressão sexual teria ocorrido em fevereiro de 2022. A funcionária manteve-se em silêncio e seguiu trabalhando para o casal na época, por não ter para onde ir.
"Esses atos foram abusivos e humilhantes (...) Scarlett suportou esses atos porque perderia seu emprego, moradia e apoio prometido para sua futura carreira se não o fizesse", diz trecho do processo.
Scarlett Pavilovich vivia em situação de rua quando conheceu Amanda Palmer em uma praia e recebeu um convite da mesma para morar com ela e seu então marido, Neil Gaiman, em 2020. Os abusos pararam apenas quando a funcionária ameaçou cometer suicídio.
Para evitar denúncias ou que Pavilovich contrariasse os abusos, Gaiman prometia ajudá-la na carreira como escritora. A ex-funcionária acusa o escritor e Amanda Palmer de violar leis federais de tráfico de pessoas e cobra indenização de US$ 7 milhões – aproximadamente R$ 40,5 milhões, na cotação atual.
O que diz o acusado
Neil Gaiman negou as acusações e as definiu como "histórias horríveis". Ele publicou um comunicado após um artigo sobre o caso ser divulgado pela New York Magazine.
“Algumas das histórias horríveis que estão sendo contadas agora simplesmente nunca aconteceram, enquanto outras foram tão distorcidas do que realmente aconteceu que não têm nenhuma relação com a realidade", diz trecho do texto publicado pelo escritor.
Acusações anteriores
Ao menos oito mulheres já haviam acusado Neil Gaiman de abusos, cometidos entre 1989 e 2022. Um dossiê divulgado pela revista Vulture indica abuso sexual e comportamento predatório do escritor britânico.
Conforme a Vulture, as mulheres relataram episódios de relações sexuais violentas, dolorosas e sem consentimento. Elas também afirmaram ter sido forçadas a beijos e toques indesejados, sob constante chantagem emocional e profissional.
Os relatos indicam que o escritor usava sua posição de destaque para coagir as vítimas. A revista detalhou que as denúncias ganharam repercussão em junho de 2024, quando o podcast Master, da Tortoise Media, revelou as primeiras acusações.
Desde então, Gaiman tem negado todas as alegações e afirmou que suas relações com as denunciantes foram consensuais.