A Delegacia de Homicídios de Canoas investiga se o motorista que provocou a morte do motociclista Guilherme Joaquim da Silva, 19 anos, estava tentando provocar outras colisões antes do crime. O caso aconteceu na sexta-feira (31), na Avenida Boqueirão, por volta das 12h20min, quando o carro conduzido por Fernando Ávila Molossi, 51 anos, derrubou a moto e passou por cima de Silva.
Na segunda (3), uma testemunha se apresentou voluntariamente à Polícia Civil para prestar depoimento. Ela relatou que estava no carro com o marido, quando o mesmo veículo, um C4 Lounge, começou a realizar manobras perigosas.
— Ele começou a jogar o carro na diagonal para bater na gente. Ele fez isso, no mínimo, umas 10 vezes, acredito eu. Nisso, a gente estava na direita e foi afunilando por causa dos carros estacionados. Conforme a gente foi diminuindo (a velocidade), porque tinha umas pessoas paradas caminhando dos lados do carro, ele também foi diminuindo, não deixando a gente passar — declarou a mulher.
Assustada com a atitude do motorista, às 12h10min a mulher decide tirar uma foto do veículo para denunciar à polícia. Poucos minutos depois ele se envolvia na colisão que matou Silva.
— Ele queria ficar lado a lado para brigar — disse a testemunha.
Conforme o advogado que representa a família de Silva, novas testemunhas são procuradas para reforçar a informação de que o motorista perseguia pessoas aleatoriamente.
A defesa da Fernando Ávila Molossi ainda não se manifestou sobre o assunto e afirma que só deve falar assim que se inteirar dos fatos. Em depoimento, ele permaneceu em silêncio. Ávila é professor de física do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul).
O caso
A Polícia Civil investiga como homicídio doloso a morte de Guilherme Joaquim da Silva, de 19 anos, estava pilotando a motocicleta com a namorada na carona quando foi atingido pelo veículo dirigido por Molossi.
O condutor do carro foi autuado em flagrante por homicídio doloso com motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima. No sábado (1º), ele teve a prisão preventiva decretada em audiência de custódia.
Imagens de um estabelecimento mostram o momento em que o carro derruba as vítimas e depois passa por cima de Silva, que morreu no local. A namorada dele sofreu ferimentos e não corre risco de morte.
Um pouco antes do atropelamento, outra câmera flagrou um primeiro momento em que o motorista tenta atingir a moto.
— O flagrado tinha a intenção de causar alguma confusão com a vítima, que acabou vindo a óbito. Ele vinha numa perseguição pela Avenida Boqueirão, teve um momento em que ele quase atinge a motocicleta e o condutor derrapa — afirmou Graziela Zinelli, delegada da Polícia Civil.
Em depoimento, a namorada de Silva disse que após essa primeira situação, os dois pararam ao lado do veículo para perguntar por qual motivo ele havia tentado derrubar os dois. Esse momento também foi flagrado por câmeras, que estão com a Polícia Civil.
Logo após o atropelamento, pelas 12h40min, Molossi chega a levar o carro numa oficina de chapeação na tentativa de consertar a batida. No entanto, os funcionários estavam em horário de almoço e sugeriram que ele retornasse depois. Ele foi preso em seguida, ao chegar em casa.