Ronaldo Pineda Wieselberg (*)
Este penúltimo mês do ano é dedicado ao diabetes, cujo Dia Mundial é neste terça-feira, 14 de novembro, quando ações de prevenção são realizadas em todo o planeta. Uma das chamadas "doenças silenciosas", conforme números divulgados pela Federação Internacional de Diabetes (IDF) em 2021 no Atlas do Diabetes ela afeta mais de 15 milhões de adultos no país. O gasto com saúde relacionado ao diabetes no Brasil atingiu US$ 42,9 bilhões em 2021, o terceiro maior do mundo. Quase 18 milhões de adultos brasileiros apresentam alto risco de desenvolver diabetes tipo 2. Os dados mais recentes indicam a existência de mais de 32 milhões de brasileiros com diabetes ou pré-diabetes, sendo que 31,9% dos 15,7 milhões de pessoas com a condição ainda não foram diagnosticados.
Os principais fatores de risco para o desenvolvimento do diabetes tipo 2, caso de 90% das pessoas com a doença no mundo, são a obesidade, o sedentarismo, o consumo de alimentos ultraprocessados e a história familiar. Já o diabetes tipo 1 é autoimune, não sendo possível uma prevenção, mas alguns fatores de risco são a história familiar e ter outras condições autoimunes. Porém, o aleitamento materno é um fator que ajuda a proteger a pessoa e, de forma geral, a alimentação saudável, rica em alimentos in natura, e a atividade física são o melhor caminho para se prevenir.
O diagnóstico ocorre por meio da dosagem de glicose no sangue, no laboratório, ou por meio da dosagem da hemoglobina glicada ou realização de uma curva glicêmica, todos feitos em laboratório. É importante diagnosticar e saber da existência da condição, já que, quanto mais cedo começar o tratamento, melhor será a qualidade de vida que a pessoa terá. Do contrário, poderá desenvolver complicações crônicas em decorrência do manejo pouco eficaz.
Dentre as complicações crônicas que podem ser prevenidas com o tratamento do diabetes, podemos destacar a retinopatia do diabetes, em que há alteração na retina e é a principal causa de perda de visão no mundo; a doença renal do diabetes, quando há perda de função renal, e, em estágio final, pode levar à necessidade de hemodiálise e transplante; e a neuropatia do diabetes, quando há existência de dor em queimação, dormência ou perda de sensibilidade, em geral em mãos e pés.
Precisamos, também, ressaltar que a pessoa que tem diabetes e não dedica atenção adequada à saúde pode ter problemas cardiovasculares como infarto e AVC, o que pode ser evitado com o cuidado eficaz. Essas complicações têm maior risco de surgir quanto menor for a atenção com o diabetes e, portanto, o tratamento é a melhor forma de se manter longe delas.
Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, a tradicional dor no peito não é necessariamente o principal sintoma de problemas cardíacos em quem tem diabetes: é a falta de ar. Desta forma, se você tem diabetes, lembre-se de manter acompanhamento médico regular, privilegiar hábitos de vida saudáveis, controlando a glicemia e o colesterol e atentando-se também à saúde do coração periodicamente.
(*) Médico endocrinologista, vice-presidente da ADJ Diabetes Brasil, professor da Santa Casa de São Paulo (SP) e mestre em Saúde Pública pelo Imperial College London. Nas redes sociais: @drinsulina