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Alejandro Arancibia (*)
O maior desafio no combate ao câncer infantojuvenil está na detecção precoce da doença. Como os sintomas são pouco específicos e facilmente confundidos com questões corriqueiras de saúde, como resfriado e mal-estar, a doença pode passar despercebida, evoluir e atingir estágios mais avançados, dificultando o tratamento. Por isso, é importante estar sempre atento aos sinais e, caso necessário, procurar um médico para uma avaliação adequada.
Dados do Inca (Instituto Nacional de Câncer) mostram que o câncer infantojuvenil é a principal causa de morte entre zero e 19 anos no Brasil, estatística também registrada em muitos países desenvolvidos. São estimados quase 8,5 mil novos casos por ano e cerca de 2,3 mil mortes. Os cânceres mais frequentes em crianças e adolescentes são as leucemias, os que atingem o sistema nervoso central e os linfomas.
Por um lado, diferentemente dos adultos, cujos hábitos e aspectos ambientais são fatores de risco associados aos tumores, esse tipo de relação ainda não é totalmente verificada na pediatria. Por outro lado, a chance de cura na população pediátrica é alta – em torno de 80%, nos países em desenvolvimento – quando o problema é detectado precocemente e tratado da maneira adequada1.
Como oncologista pediátrico, sempre me pautei no princípio de garantir o melhor tratamento aos pacientes e de enfrentar o desafio de garantir que novos medicamentos estejam disponíveis ao alcance de quem precisa, de maneira segura e sustentável ao sistema de saúde. A boa notícia é que em junho do ano passado o Sistema Único de Saúde (SUS) incorporou um novo tratamento para a leucemia linfoide aguda (LLA) – responsável por 75% dos casos de leucemia em crianças – a partir de um pedido protocolado pela Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH). Quando disponível, o tratamento poderá ampliar as alternativas terapêuticas disponíveis no SUS e dará para crianças e seus familiares mais uma chance de vencer a doença.
(*) Médico oncologista pediátrico e doutor em Medicina pela UFRGS