Um grupo da Universidade Yale, nos Estados Unidos, com participação de dois cientistas brasileiros, desvendou o processo molecular responsável pela conversão da indesejável gordura branca - considerada "ruim" por acumular energia no corpo, levando à obesidade - em gordura marrom, responsável por dissipar a energia em forma de calor e favorecer o emagrecimento. O estudo, publicado na revista científica Cell, confirmou que a transformação é controlada pelo cérebro.
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Interferindo no cérebro de camundongos com métodos biotecnológicos, os cientistas conseguiram estimular esse processo de "escurecimento de gordura", protegendo os animais da obesidade. Segundo um dos autores do estudo, o gaúcho Marcelo Dietrich, professor de Medicina Comparativa e Neurobiologia de Yale, a pesquisa demonstrou que os mesmos neurônios que controlam a fome e o apetite no cérebro são responsáveis pelo escurecimento de gordura.
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- Desde a década de 80, acreditava-se que os neurônios AgRP estavam exclusivamente envolvidos com a regulação da fome. Mas suspeitávamos que eles tinham funções mais amplas e resolvemos investigar.
Para estudar as funções do neurônio AgRP, Dietrich precisou desenvolver uma tecnologia capaz de ativá-lo e desativá-lo quando fosse preciso. Para isso, criou camundongos transgênicos que têm receptores de capsaicina (princípio ativo da pimenta) nesses neurônios, algo que originalmente não existe.
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- Basta injetar a capsaicina no animal para ativar aqueles neurônios.
Com a injeção, segundo Dietrich, os neurônios AgRP são ativados e o animal reage como se tivesse sido submetido a um jejum: a fome aumenta, a temperatura corporal cai e - como o organismo percebe a necessidade de acumular energia - o processo de "escurecimento" da gordura é retardado. Os animais começaram a engordar.
- Com isso, identificamos a rota cerebral para a perda de peso.
*Agência Estado