
A transferência do serviço de ginecologia do Hospital Conceição para o Hospital Fêmina, ambos em Porto Alegre, foi parar na Justiça. O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) ingressou nesta quinta-feira (27) com ação civil pública na Justiça Federal para impedir a mudança, marcada para começar neste sábado (1º) por decisão do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), que administra as duas instituições.
De acordo com o GHC, o objetivo da transferência é consolidar o Hospital Fêmina, no bairro Independência, como referência no atendimento à saúde das mulheres. O grupo argumenta que o Fêmina ganhou mais espaço após a transferência de pacientes oncológicos para o novo Centro de Oncologia e Hematologia do Conceição, inaugurado em agosto do ano passado.
Em entrevista nesta quinta ao Gaúcha Atualidade, o diretor-presidente do GHC afirmou que a novidade não afeta atendimentos obstétricos. E mesmo casos de emergências ginecológicas terão o atendimento garantido no Conceição, em caso de necessidade.
— A emergência ginecológica (no Conceição) está fechada desde 2020. Os casos que, por acaso, chegarem serão atendidos. Inclusive, haverá alguns médicos ginecologistas que ficarão lá (no Conceição) — afirma o diretor-presidente do Grupo Hospitalar Conceição, Gilberto Barichello.
O Simers contesta a mudança. A entidade argumenta que "a decisão compromete a assistência ginecológica prestada às pacientes e afeta diretamente a formação de médicos residentes". O Simers solicitou à Justiça a concessão de tutela de urgência para suspender a mudança imediatamente. Justifica ainda que a mudança "comprometeria a continuidade do atendimento em casos de intercorrências obstétricas e ginecológicas que necessitam de intervenção especializada, podendo acarretar riscos às pacientes".
Na entrevista desta quinta-feira, o diretor-presidente do GHC também negou prejuízos às moradoras da Zona Norte de Porto Alegre. Como o Conceição fica no bairro Cristo Redentor, elas seriam afetadas com a mudança para um hospital mais distante.
— Tanto que nós atendemos no Conceição, no ano passado todo, 0,1% de casos de emergência ginecológica. No Fêmina, atendemos de 24% a 27% de emergência ginecológica, inclusive de mulheres de Viamão e Alvorada — afirma Barichello.
A respeito da ação judicial, em nota, o GHC disse desconhecê-la: "O Grupo Hospitalar Conceição não tem conhecimento da ação movida pelo Simers. O GHC continuará defendendo o Sistema Único de Saúde. A instituição, nesta transferência, está cumprindo todas as normas do SUS, sem prejuízo à saúde das mulheres."