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Capaz de aliviar dor, febre e inflamação, a nimesulida foi o quarto medicamento mais vendido no Brasil em 2024, segundo levantamento da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (PróGenéricos). No entanto, o remédio possui uma lista de efeitos colaterais que podem afetar algumas pessoas, principalmente aquelas que já têm complicações nos rins ou no fígado.
A nimesulida, nome do próprio princípio ativo, faz parte dos anti-inflamatórios não esteroidais (AINE). A principal ação dessa classe de medicamentos é evitar e dificultar o processo inflamatório causado por uma lesão ou por uma infecção, afirma a presidente do Conselho Regional de Farmácia do Rio Grande do Sul (CRF/RS), Giovana Ranquetat.
— A nimesulida inibe algumas enzimas de forma reversível e não seletiva, sendo muito utilizada para o tratamento da dor aguda. Mas também pode causar vários efeitos colaterais, como diarreia, vômito, vermelhidão, aumento da pressão arterial, gastrite e alguma disfunção plaquetária — explica a farmacêutica.
Quais as contraindicações da nimesulida?
A especialista lembra que o medicamento só pode ser vendido com prescrição médica e orientação farmacêutica e, por isso, no Brasil, o uso é mais controlado. Sem a devida orientação profissional, pessoas com histórico de lesões renais ou hepáticas podem ter complicações associadas ao uso.
Além disso, a nimesulida é contraindicada para crianças menores de 12 anos, grávidas, pessoas com histórico de abuso de álcool, pessoas que têm hipersensibilidade ao ácido acetilsalicílico ou a outros anti-inflamatórios não esteroidais, pacientes com úlcera gástrica e pacientes com insuficiência cardíaca grave, segundo Giovana.
Por que não usar nimesulida sem orientação médica?
A presidente do CRF/RS aponta que o uso indiscriminado — sem orientação médica e orientação farmacêutica ou em doses inadequadas — exige atenção:
— O que vemos de mais delicado é o uso desses AINEs em pessoas que já têm alguma lesão no rim ou no fígado e, nesses casos, com certeza vão ter problema com a nimesulida. O paciente que for fazer o uso desse medicamento para uma dor ou febre sem orientação pode ir causando, aos poucos, um dano renal ou hepático. Para conter os riscos de toxicidade, a prescrição médica e orientação do farmacêutico são essenciais — ressalta Giovana.
A especialista nota que, no Brasil, o uso indiscriminado ocorre quando o paciente já tem o medicamento em casa, comprado em outra oportunidade com a receita médica. Quando surge uma dor, febre ou inflamação e tem algumas unidades sobrando, é comum que o paciente opte por tomar a medicação novamente. Dessa vez, sem orientação ou acompanhamento.
Outro ponto de atenção é o uso de outros anti-inflamatórios, como paracetamol e ibuprofeno, que, em associação com a nimesulida, podem potencializar os danos à saúde.
Proibição em outros países
Segundo o Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro (CRF/RJ), a nimesulida nunca teve permissão para ser comercializada no Reino Unido e na Alemanha. Em países como Estados Unidos, Canadá, Japão, Suécia, Holanda, Irlanda, Bélgica e Espanha, por exemplo, foi retirada de circulação.
Em 2007, o Conselho Irlandês de Medicamentos (Irish Medicines Boards, em inglês) proibiu a venda do remédio ao constatar casos de insuficiência hepática que necessitaram de transplante após o tratamento oral com nimesulida.
— Esse medicamento é regulamentado pelas agências de saúde dos países, de acordo com a incidência desses casos e efeitos em cada local. Essas agências trabalham com informações e, aqui, não temos muitos registros dessas toxicidades. Qualquer medicamento pode causar danos em potencial. Contudo, no Brasil, o uso da nimesulida é autorizado, desde que seja com a prescrição médica, com a imprescindível orientação do farmacêutico — defende a presidente do CRF/RS.