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- A Polícia Civil realiza nesta sexta-feira (21) uma coletiva de imprensa para apresentar as conclusões do inquérito sobre as mortes de três pessoas da mesma família, em Torres, no Litoral Norte, em dezembro de 2024.
- De acordo com o chefe da Polícia Civil, Fernando Sodré, o inquérito deste caso seria concluído na quinta-feira (20);
- A única suspeita de praticar o crime, Deise Moura dos Anjos, 42 anos, foi encontrada morta na cela que ocupava na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, na manhã da última quinta-feira (13), com sinais de enforcamento.
- Deise seria indiciada, caso estivesse viva, pelos crimes de triplo homicídio triplamente qualificado e três tentativas de homicídio triplamente qualificadas. Com a morte, o Código Penal prevê a extinção da punibilidade.
Acompanhe as informações:
Relembre o caso
De acordo com a Polícia Civil, sete pessoas da mesma família estavam reunidas em uma casa em Torres, no Litoral Norte, durante um café da tarde na antevéspera do Natal de 2024, quando seis começaram a passar mal após consumirem pedaços de um bolo. Um deles não ingeriu o doce.
Zeli dos Anjos, que preparou o alimento, em Arroio do Sal, e levou para a confraternização, também foi hospitalizada.
Três mulheres morreram em intervalos de horas. Tatiana Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva tiveram parada cardiorrespiratória, segundo o hospital.
Neuza Denize Silva dos Anjos teve como causa da morte "choque pós-intoxicação alimentar".
Deise era casada com Diego Silva dos Anjos, filho de Zeli, e morava em Nova Santa Rita, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
Deise era suspeita de triplo homicídio duplamente qualificado e tripla tentativa de homicídio duplamente qualificada.
Laudos do IGP
Resultados de laudos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) divulgados no dia 12 de fevereiro apontam que alimentos e itens levados por Deise Moura dos Anjos à Zeli dos Anjos, enquanto estava internada no hospital, não possuíam nenhuma quantidade de veneno.
Nos novos laudos, também foi confirmada a presença de arsênio na urina do marido e do filho de Deise. O fato já havia sido constatado em exames prévios, e indica tentativas de envenenamento.
Exumação do corpo possível quarta vítima
Após suspeitas, a polícia solicitou a exumação do corpo de Paulo Luiz dos Anjos, sogro de Deise. Paulo faleceu em setembro de 2024, sob suspeita de uma infecção intestinal, após consumir bananas e leite em pó levados à casa dele por Deise.
A perícia do IGP confirmou que ele foi envenenado com arsênio, e os níveis encontrados no corpo eram letais, caracterizando envenenamento por ingestão oral.
Compra do arsênio pela internet
A polícia confirmou que Deise comprou arsênio quatro vezes em um período de quatro meses. Uma das compras ocorreu antes da morte do sogro e as outras três, antes da morte de três pessoas que consumiram o bolo envenenado.
O veneno teria sido recebido pelos Correios. O documento estava salvo no celular da suspeita, apreendido durante a investigação.
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Contaminação da farinha
A investigação aponta que a farinha do bolo pode ter sido contaminada quase um mês antes do episódio fatal. De acordo com o delegado Marcos Vinícius Veloso, Deise esteve em Arroio do Sal no dia 20 de novembro do ano passado, o que pode ter sido o momento em que o veneno foi adicionado à farinha usada no bolo consumido em Torres.
— As informações que nós temos no inquérito policial são de que a investigada esteve na cidade de Arroio do Sal, na última vez, no dia 20 de novembro. E, pelas informações que já foram coletadas do inquérito, nesta data, a Polícia Civil acredita que possa ter ocorrido o envenenamento da farinha que foi utilizada no bolo que foi consumido na cidade de Torres —afirmou o delegado.