
A causa da morte da cantora, compositora e atriz Tina Turner não foi divulgada, mas, segundo o The Guardian, a artista sofria com alguns problemas de saúde, incluindo um câncer de intestino, diagnosticado em 2016. A doença também fez e faz parte da realidade de outras celebridades, como os brasileiros Pelé e Preta Gil.
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), os tumores de cólon e reto - tipos do câncer de intestino - ficaram em segundo lugar entre os de maior incidência em 2022, com cerca de 45,6 mil novos casos. Não se sabe qual dos dois tipos Tina Turner tinha. Segundo o portal NBC News, um dos filhos da artista, Ronnie Turner, faleceu em 2022 devido a complicações de um câncer de cólon.
A maioria desses tumores surge a partir de lesões benignas, chamadas pólipos, que podem crescer na parede interna do intestino grosso. O diagnóstico pode ser feito através de dois exames: a pesquisa de sangue oculto nas fezes e a colonoscopia.
— Os tumores malignos podem se desenvolver em qualquer parte do corpo e em qualquer tipo de célula. O adenocarcinoma é a classificação de um tipo de câncer, com base na célula em que foi desenvolvido — explica a professora de Oncologia Clínica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e médica do serviço de oncologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Alice Zelmanowicz.
O histórico familiar, segundo o médico coloproctologista e endoscopista digestivo do Hospital Moinhos de Vento Rafael Castilho Pinto, é o principal fator de risco do câncer colorretal. Obesidade, sedentarismo e idade também contribuem para o desenvolvimento da doença. A prevenção, portanto, se dá através de cuidados para manter o peso ideal, uma dieta saudável e uma rotina de exercícios físicos.
É indicado, também, que pessoas acima de 50 anos façam os exames com frequência. A professora da UFRGS aconselha que os pacientes que tenham histórico familiar da doença comecem a realizar os exames aos 40. O Ministério da Saúde não tem uma recomendação oficial quanto ao intervalo entre os exames, mas Rafael acredita que o exame de fezes ou a colonoscopia possam ser feitos a cada cinco anos.
— O câncer colorretal é um dos poucos que podem ser prevenidos com exame. Os cânceres de mama ou de próstata, por exemplo, não têm exames preventivo, apenas de diagnóstico precoce — afirma o especialista.
Ele explica que os pólipos podem ser retirados durante a realização do exame de colonoscopia e, quando removidas antes de se tornarem malignos, o câncer de intestino pode ser evitado.
Sinais de alerta e tratamento
Fortes dores abdominais são um dos sintomas mais comuns. Perda de peso sem motivo aparente, sangramento ao evacuar, anemia e mudança de hábitos intestinais são outros sinais de alerta.
— Se a pessoa sempre sofreu com constipação e, do nada, passou a ter diarreias constantes, ou ao contrário, a pessoa passa a ser constipada ou ter dificuldade, representa mudança de hábito intestinal — acrescenta Alice. Ela defende que, apesar de parecer um assunto desconfortável, é necessário falar sobre isso.
A professora conta que já viu pacientes dizendo que notaram o sangramento, mas que acharam que era normal e, por isso, não foram ao médico. A médica alerta que sempre que observado um sangramento, deve ser investigado. Para Alice, um dos motivos da doença ter alta mortalidade é porque as pessoas negligenciam esses sintomas e demoram para procurar ajuda médica.
— As pessoas sempre falam que quem procura, acha. E eu concordo. Quem procura, acha mais cedo, enquanto ainda tem cura — brinca.
Para tratar a doença, as duas opções são cirurgia para retirar o tumor ou quimioterapia e radioterapia. Segundo Alice, o câncer de reto normalmente tem como primeira opção de tratamento a quimioterapia e radioterapia realizadas concomitantemente. Já o de cólon, primeiro a cirurgia e depois a quimioterapia:
— Se o tumor está localizado só no intestino, o primeiro tratamento é uma cirurgia para retirar o pedaço de tumor. Se um diagnóstico é feito e já está em metástase (se espalha), depende. O paciente pode, eventualmente, fazer a cirurgia ou a quimioterapia.
*Produção: Yasmim Girardi