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Durante o amanhecer e o entardecer, quando os mosquitos estão mais ativos, algumas pessoas precisam se proteger dentro de casa ou usar repelentes, enquanto outras raramente são picadas pelos insetos.
Fatores como metabolismo corporal, textura da pele e tipo de vestimenta explicam por que determinados indivíduos são alvos mais frequentes das picadas de pernilongos.
A mestra em biologia animal Ethiene Arruda confirma que a cor da roupa atrai mosquitos devido à necessidade de camuflagem. Os insetos têm preferência por tons escuros.
— Se o mosquito é escuro, ele não vai pousar em um ambiente claro, porque se ele tiver claro, ele vai aparecer — afirma, fazendo uma analogia com outro animal.
— Ele fica exposto igual a borboleta, com as asas dela com estrutura de coloração de um tronco de árvore. Se ela tiver numa parede toda branca, ela vai aparecer, mas se ela tiver no tronco de árvore, ninguém vê, os predadores não veem— simplifica.
Pesquisadores da universidade de Rockefeller identificaram que pessoas com níveis elevados de ácidos carboxílicos na pele atraem mais pernilongos. O professor Anderson de Sá Nunes, do Departamento de Imunologia do ICB-USP, explica que indivíduos com esses compostos atraem os insetos por meses ou anos.
— Foi produzido um mosquito em laboratório incapaz de sentir o ácido carboxílico e os animais que não conseguiram detectar esses compostos sentiram-se atraídos por outras pessoas na mesma proporção — destaca.
Conforme o doutor em fitotecnia e professor da Universidade de Caxias do Sul (UCS) Wilson Sampaio de Azevedo Filho, o metabolismo individual indica maior ou menor repelência dos insetos.
— Existem variáveis somadas para essa atratividade dos mosquitos: temperatura, gás carbônico, ácido lático e alguns elementos presentes no suor são alguns exemplos. Cada pessoa elimina odores ou substâncias próprias— comenta.
Grupos mais vulneráveis aos mosquitos
Os sensores nas antenas dos pernilongos detectam gás carbônico, suor e temperatura corporal dos hospedeiros. A pesquisadora Daiane Carrasco Chaves, Universidade Federal de Rio Grande (FURG), explica que alguns grupos são mais vulneráveis às picadas.
— Crianças estão sempre ativas, correm, suam muito. Estão mais propícias a serem picadas, além das mulheres grávidas, por conta do metabolismo e de uma maior superfície de contato — ressalta a pesquisadora.
Estudo da universidade Durham de 2016 mostrou que gestantes são duas vezes mais vulneráveis aos pernilongos. Elas exalam 21% mais gás carbônico devido ao metabolismo acelerado.
Quem acaba de executar atividade física e pessoas que ingerem bebida alcóolica, com determinados fatores sanguíneos ou com pele jovem, se tornam preferência dos mosquitos, de acordo com os especialistas:
— A ausência dos antígenos A e B no sangue atrai os mosquitos. Estudos mostram que pessoas com tipo sanguíneo O são duas a três vezes mais picadas que as demais — afirma, explicando que, embora não se saiba quais fragrâncias os atraem, odores cítricos funcionam como repelentes naturais.
— Por isso que boa parte dos repelentes são a base de citronela.
Como se proteger das picadas?
Para evitar os mosquitos, é importante usar repelentes, instalar telas em portas e janelas e aplique inseticidas nos ambientes mais infestados.