Quem entra na ala de saúde mental do Hospital Sapiranga, localizado na cidade do Vale do Sinos, já é recebido em uma das salas por uma cauda peludinha balançando animadamente. É a cachorrinha Akira, que acompanha, a cada 15 dias, as sessões promovidas pela arteterapeuta Rejane Lopes com os pacientes da instituição.
— A interação da Akira começou em 2019. Eu lancei o projeto para o hospital e nós iniciamos. Só que logo veio a pandemia e precisamos interromper, retomando agora com a inauguração da Unidade Safiras, que é a de saúde mental. O foco é trabalhar com uma terapia mais humanizada, então ela vem trazer uma mudança de rotina e trabalhar a afetividade — explica a especialista.
Vestindo um jaleco branco, com detalhes em verde, e com crachá oficial, a pet soltava latidos de entusiasmo na manhã desta quarta-feira (10), em meio a seus brinquedos. Conhecida dos funcionários e de quem realiza tratamento, a shih-tzu virou a alegria do setor, fazendo parte do projeto “Arteterapia com patinhas na saúde mental”.
Segundo Rejane, Akira ajuda a trabalhar a coordenação motora, as habilidades cognitivas e as limitações físicas de cada paciente. Ela também contribui para alívio da ansiedade e da depressão que podem se intensificar com o ambiente hospitalar.
— Dentro da capacitação da terapia com cão, tem duas questões. Respeitar o animal e o paciente. O animalzinho não pode ser machucado, e os pacientes precisam estar confortáveis. Eu apresento ela e pergunto se querem participar, mas é muito difícil alguém que não queira — salienta Rejane, que também é a tutora do animal.
A cachorrinha está com a arteterapeuta desde os primeiros dias de vida, iniciando o contato com pacientes ainda no consultório de Rejane.
— Um dia ela viu um paciente aqui no hospital que estava de cabeça baixa e chorando. Daí já foi e ficou deitada na frente dele. Não demorou muito para ele começar a interagir — relembra.
Akira recebe todos os cuidados veterinários necessários para garantir seu bem-estar e segurança, de acordo com as políticas e regulamentos do hospital. Ela ainda conta com uma companheira que participa das terapias, a égua Sereia, que visita a unidade em ocasiões especiais.
— Isso me deixa muito feliz. Agora ela teve o reconhecimento do trabalho com o crachá, que fez bastante sucesso. É fictício, ela não está oficialmente na folha de pagamentos — brinca Rejane.
A cachorrinha completa cinco anos no próximo dia 28, um domingo. Com tantos admiradores, já há planos para uma celebração dentro do hospital.
— Vamos ter que providenciar um bolo, com certeza! — garante Rejane, enquanto Akira se preparava para dar uma volta no corredor.