A variante Ômicron da covid-19 já ocupou o lugar da Delta e predomina no Rio Grande do Sul, mostra sequenciamento genético realizado pelo Laboratório Central da Secretaria Estadual da Saúde (SES-RS), divulgado na tarde desta sexta-feira (7). O governo do Estado confirmou que há transmissão comunitária da Ômicron.
Entre 41 amostras positivas de coronavírus coletadas entre domingo (2) e terça-feira (4) e analisadas pelo laboratório estatal, 95% eram Ômicron. O sequenciamento ocorreu com fluidos de indivíduos de 31 municípios distintos.
De outras 41 amostras positivas coletadas entre 21 e 31 de dezembro, analisadas pelo governo, 80% eram Ômicron. A análise mostra que houve grande avanço da cepa nas últimas semanas.
Em 10 de dezembro, a Ômicron representava apenas 0,9% das amostras, segundo painel de vigilância genômica alimentado pelo Palácio Piratini.
Laboratórios privados ouvidos por GZH apontam que houve grande aumento de casos confirmados de covid-19 após o Natal, para além da maior procura de testes. As empresas ainda afirmam que a proporção de resultados positivos se assemelha à do ápice da pandemia no Estado, entre fevereiro e março.
No Brasil, onde a vigilância genômica é considerada falha por especialistas, 58% das amostras sequenciadas entre 13 e 27 de dezembro eram Ômicron, conforme dados do painel Covariants, mantido pela Universidade de Berna, na Suíça, e consultado por gestores da saúde.
O avanço da Ômicron também foi notado pelo sequenciamento genético realizado no laboratório da Universidade Feevale. Na segunda-feira (3), 43% das amostras coletadas no Vale dos Sinos e na Serra gaúcha deram positivo. Na terça-feira (4), eram 93%. Na quarta (5), eram 100%.
O virologista e professor da Feevale Fernando Spilki reforça que o Rio Grande do Sul está com o mesmo nível de transmissão do ápice da pandemia no Estado.
— Do que vemos aqui, em número de casos de infecção, a gente talvez sobrepuje a situação de fevereiro e março. Mas, felizmente, a maioria vem com relato de ser mais leve. É um perfil de nova pandemia. Mas isso pode ser um perigo, sobretudo para ambientes de trabalho, porque muitas pessoas nem relacionam com a covid e não fazem teste. O que preocupa é que, se o surto for de grandes proporções, podemos ter pressão nos sistemas de atendimento de maior complexidade — destaca Spilki.