Com o aumento das internações por coronavírus e a divulgação de novas restrições pelo governo do RS, a manutenção do funcionamento do comércio no Estado voltou à discussão. Em Porto Alegre, onde a ocupação das UTIs atingiu o maior nível desde o início da pandemia, o entendimento dos sindicatos ligados a hospitais e lojistas e representante de prefeituras da Grande Porto Alegre é de que o setor siga aberto.
De acordo com o Sindicato dos Lojistas da Capital (Sindilojas), não há mais a possibilidade de um novo período de fechamento dos estabelecimentos. A entidade reforça que o setor cumpriu com todas as recomendações que foram estabelecidas desde o início da pandemia, mas que as dificuldades financeiras dos lojistas seguem elevadas.
— Não há comprovação de que a abertura do comércio seja responsável pelo aumento dos casos de covid. O governo não fez a fiscalização que deveria ter feito no Litoral, por exemplo, e agora sinaliza em determinar o fechamento. Se isso acontecer, muitas empresas vão fechar e muitas pessoas serão demitidas — destacou o presidente do Sindilojas POA, Paulo Kruze.
O entendimento de que o fechamento do comércio não é a melhor alternativa para diminuição dos casos e internações é compartilhado pelo Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (Sindihospa). Para a entidade, o momento é muito difícil, e a procura por leitos é a maior já observada. No entanto, o presidente do Sindihospa, Henri Chazan, afirma que o aumento das internações não está relacionado com flexibilização das atividades comerciais.
— As pessoas precisam se cuidar. Se alguém precisar de um leito de UTI, não vai ter, vai ficar na fila. Quando eu digo “se cuidar” não é fechar tudo. As contaminações não estão ocorrendo no comércio, e sim nas zonas de conforto das pessoas. É na ida à praia com os amigos, no aumento das reuniões e festas, é no convívio diário — ressaltou Chazan.
Para a Consórcio dos Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (Granpal), é preciso mais tempo para fazer as mudanças no funcionamento das atividades. Assim, a suspensão de cogestão seria uma medida radical, que precisa ser bem avaliada. A proposta da Granpal é fazer nesta semana uma transição para a bandeira vermelha e, se a situação não for alterada ou piorar, aí então ir para a classificação de risco altíssimo de contaminação, a bandeira preta.
— Sabemos que é preciso restringir a circulação das pessoas, mas não é possível sair das regras da bandeira laranja para a preta de uma hora para outra. Precisamos de uma semana para que os setores possam se organizar. Nossa proposta é fazer uma descompressão das bandeiras — revelou o presidente da Granpal e prefeito de Nova Santa Rita, Rodrigo Battistella.