O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, criticou nesta terça-feira (9) a forma de divulgação de boletins diários de infectados e de mortos pelo coronavírus que adotava o Governo Federal.
— Eu estava somando contas que não existem, que não eram somáveis. Marcando um horário para apresentar uma informação que não dizia nada aos gestores e ao nosso país —disse Pazuello em audiência na Câmara dos Deputados.
Pressionado pelo presidente Jair Bolsonaro, o Ministério da Saúde prepara uma nova forma de apresentar os dados da covid-19. A ideia é destacar a data em que o óbito ocorreu. Antes, a pasta dava maior destaque para a soma de vítimas do dia com casos de outras datas, cuja investigação sobre a causa da morte foi concluída nas últimas 24 horas.
Pazuello afirmou aos deputados que o ministério não deixará de divulgar mortes de outros dias que ainda estavam sob análise. Após determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, a pasta voltou a divulgar os dados acumulados.
— Não existe como reduzir ou limitar número de óbitos. Se não olharmos para a data do óbito, o gestor não consegue entender o que está acontecendo na sua cidade, não consegue ter medidas para corrigir — disse o ministro.
A mudança na forma de divulgação dos dados ocorreu após Bolsonaro determinar que o número de registros ficasse abaixo de mil por dia. A solução encontrada seria divulgar apenas dados de mortes que ocorreram nas últimas 24 horas. O desejo de Bolsonaro, no entanto, não deve ser totalmente concretizado, pois a pasta promete ainda divulgar o acumulado de vítimas.
Na audiência desta terça-feira, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), cobrou que transparência na divulgação de dados.
— Não estamos aqui para agredir, enfrentar, pelo contrário. O que precisamos, independente de divergência política, é trabalhar para juntos construir soluções. A decisão do STF sobre o que caberia a Estados e municípios é que cabe ao governo federal a coordenação do trabalho. Seu trabalho continua sendo fundamental — afirmou Maia.
Pasta também deve apresentar ocupação de leitos
O ministério promete lançar um portal que mostre número de infectados e mortos por Estado, regiões de saúde e municípios, além de curvas sobre avanço da doença em capitais e no interior. A pasta também promete apresentar a ocupação de leitos de UTI em cada local. Pazuello disse que o portal será atualizado 24h, conforme o ministério receba dados de Estados e municípios.
— São todos os dados que jamais tivemos. Estão todos disponíveis full time — disse.
A curva de casos por data do óbito, no entanto, já era apresentada pelo Ministério da Saúde em apresentações à imprensa e em boletins epidemiológicos, publicados no site do ministério. A diferença, segundo Pazuello, é que haverá atualização constante num único portal.
— O que estou querendo buscar é a verdade. A verdade, às vezes, é evitar a subnotificação, não é buscar a "hipernotificação" — disse.