Com as temperaturas mais altas no verão e maior circulação de pessoas nas praias, emergências e atendimentos em saúde registram procura de pacientes com sintomas de gastroenterite, como diarreia, vômitos e febre.
Em Porto Alegre, a Secretaria Municipal de Saúde contabilizou uma média de quatro pessoas internadas nos hospitais do SUS por problemas gastrointestinais nos últimos dias. A pasta salienta que, nas unidades de saúde, a demanda é padrão para o período do ano.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, não há elementos que configurem surto da doença, mas há casos nos últimos meses que chamaram atenção envolvendo alimentos e água.
Em Pelotas, por exemplo, o Ministério Público investiga surto de intoxicação alimentar após o consumo de torta fria de frango, no fim do ano passado. Ao menos 97 pessoas foram diagnosticadas com problemas estomacais.
Em Porto Alegre, o Hospital Divina Providência, no bairro Glória, foi o único que registrou aumento expressivo em relação ao mesmo período do ano passado, com quase o dobro das ocorrências (veja detalhes abaixo).
Para o coordenador da emergência do Hospital Divina Providência, João Lucas Variani, o crescimento tem relação com a época do ano em razão do calor, falta de higienização das mãos e da comida, e má conservação de alimentos. Contato com a água em regiões com problemas de saneamento básico, como em algumas praias, também podem ser associadas.
— Tem muitos pacientes da nossa instituição que viajam para o Litoral. A gente vê que tem a maior incidência no Litoral de vírus de gastroenterite. As bactérias no mar, na areia. No mar, a gente acaba tomando algum golinho de água e pode acontecer de infectar — explica o médico.
O especialista aponta que ainda não se sabe se os casos são provocados por vírus ou bactéria, já que os sintomas são parecidos e podem acontecer nas duas situações.
— Na maioria das vezes, é por ingestão de algum alimento que não estava muito bem armazenado, fora da geladeira. Isso mais na questão de uma gastroenterite de causa bacteriana. E alguma alteração mais viral que a gente pensaria, seria pelo contato com algumas outras pessoas que tivessem um quadro de gastroenterite viral mesmo — esclarece.
Cuidados
Para evitar a doença, a orientação dos médicos é lavar bem as mãos, tomar água potável e evitar beber da torneira em locais sem saneamento, além de limpar os alimentos e conservar na temperatura adequada.
As pessoas devem procurar a emergência em casos de mal-estar, falta de apetite, fezes com sangue e muco, além de febre.
Situação de cada hospital
A reportagem de Zero Hora fez um levantamento em emergências de nove hospitais públicos e privados de Porto Alegre para verificar a procura.
Divina Providência
Nos primeiros 20 dias de janeiro deste ano, foram 292 pacientes com diagnóstico de gastroenterite de um total de 1.827 atendimentos, o que representa 16%. No mesmo período do ano passado, 150 tiveram diagnóstico entre os 1.813 atendimentos realizados, cerca de 8% do total.
Comparando 2024 e 2025, houve um aumento expressivo do diagnóstico de gastroenterite em aproximadamente 94,6%, ou seja, quase o dobro em relação ao ano anterior.
A tendência de aumento dos casos vem desde dezembro de 2024, quando foram contabilizados 324 casos.
Hospital Conceição
Considerando a média de atendimentos por dia, o hospital analisa que não houve aumento de casos no período de janeiro de 2025.
Na zona norte de Porto Alegre, o Hospital Conceição registrou 289 casos diarreia e dor abdominal nos primeiros 20 dias de janeiro. Em todo o mês de janeiro do ano passado, foram 657.
Em dezembro de 2024, foram 571 registros. No mesmo período do ano anterior, o número ficou semelhante, com 569.
Santa Casa
Na emergência SUS, não há nenhum cenário envolvendo esse tipo de atendimento. A prioridade é para alta complexidade e há cenário de superlotação, por isso atendimentos de menor complexidade acabam nem chegando.
Na emergência particular e convênio, aumentou 4% o número de atendimentos desses casos em relação ao começo do mês. A instituição avalia isso como pouco significativo para que contribua com a informação de um surto.
Hospital da Restinga
A instituição confirma que teve casos em seis colaboradores nos últimos dias. São dois enfermeiros e uma fisioterapeuta, além de três servidores da higienização. Sobre os pacientes, o atendimento é considerado normal.
O hospital está com superlotação na emergência em função de outras estarem com restrições.
Vila Nova
O Hospital Vila Nova também diz que não há registro de aumento em relação ao número de casos no mesmo período do ano passado.
O coordenador médico da emergência, Fernando Álvares, explica que os casos atuais são leves e com tratamento simples de realizar.
— Todos geralmente com evolução benigna. Em quatro a cinco dias, tendem a se resolver sozinhos, principalmente com hidratação e controle sintomático, controle do vômito. Então, até agora, tudo normal para o esperado, nada fora do que vinha se apresentando ultimamente — salienta.
Hospital de Clínicas
Não registra casos do tipo. A emergência opera com restrição.
São Lucas da PUCRS
Não foi notado nenhum aumento e nem casos de gastroenterite.
Moinhos de Vento
Os casos estão normais. Nenhum número acima da média.
Mãe de Deus
Não registra aumento em relação ao número de casos no mesmo período do ano passado.