Os casos de deterioração da saúde mental dos universitários são cada vez mais recorrentes, o que tem provocado reações das instituições de ensino e mesmo da sociedade civil.
Há canais aos quais se pode recorrer para ajudar quem está passando por dificuldades relacionadas à depressão, ansiedade e pensamentos suicidas. As dicas a seguir foram elaboradas com a ajuda de Rafael Moreno Ferro de Araújo, psiquiatra, doutor em Medicina e professor da Univates. A seguir, saiba o que diz a Organização Mundial de Saúde (OMS), saiba exatamente onde buscar ajuda e conheça a cartilha elaborada pela UFRGS.
O que a pessoa em sofrimento deve fazer?
- O aluno deve ir à secretaria da faculdade verificar se há núcleo de apoio. As universidades costumam ter esse serviço.
- Se a universidade não oferecer apoio ou o acesso for complicado, o estudante deve buscar auxílio em outro lugar. Caso não tenha convênio, pode comparecer a um posto de saúde. Mesmo que esteja em uma cidade que não é a sua, tem direito a atendimento pelo SUS.
- Cidades com mais de 20 mil habitantes devem contar com Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), que atendem a pessoas com transtorno mental.
- Planejar o suicídio ou ter pensamentos de morte são emergências médicas. Deve-se buscar atendimento em qualquer serviço de emergência.
Os sinais de que o estudante está em risco
- Faltas excessivas às aulas, mau reindimento ou queda no rendimento.
- Isolamento e dificuldade de integração com o grupo. A ausência de laços de amizade é um fator de risco.
- Choro fácil e irritabilidade, que pode se manifestar com brigas frequentes.
- Relatos sobre pensamentos suicidas ou de não aguentar a faculdade.
- Desesperança ou pessimismo.
- Falta de energia ou de vontade de realizar atividades.
- Alterações de peso.
Como colegas, professores e universidades podem agir
- As universidades devem zelar para que os estudantes tenham turnos livres para descansar e devem promover momentos de convivência.
- Os professores devem ser tolerantes e não sobrecarregar os alunos.
- Caso percebam que há algo errado, alunos e professores devem falar com a pessoa, inclusive perguntando se ela tem pensamentos suicidas. Em geral, as pessoas em situação de depressão ou ansiedade sentem-se valorizadas se um professor percebe que elas estão enfrentando dificuldades.
- No caso de pessoas isoladas, sem laços, é fundamental a turma agir.
- A insistência pode fazer a pessoa em situação complicada dar-se conta de que precisa de ajuda.
- Pessoas com pensamento suicida costumam ser resistentes a buscar atendimento. Os colegas devem insistir e levá-lo a um serviço de saúde.
- Nesses casos, também pode ser importante comunicar a situação ao professor, à direção da faculdade e aos pais do estudante em risco.
Onde buscar ajuda?
Centro de Valorização da Vida (CVV): oferece ajuda por diversos canais, como telefone (188, com ligação gratuita), presencialmente, via e-mail ou chat (no site cvv.org.br, que reúne orientações).
Outros sites com orientações
- Ministério da Saúde: saude.gov.br/saude-de-a-z/suicidio
- Setembro Amarelo: setembroamarelo.org.br
- Associação Brasileira de Estudos e Prevenção ao Suicídio: abeps.org.br
O que diz a OMS?
Em Prevenção do Suicídio: Manual para Professores e Educadores, a OMS aponta os seguintes fatores para ajudar a identificar estudantes em sofrimento:
- Declínio geral nas notas.
- Diminuição no esforço/interesse.
- Má conduta na sala de aula.
- Falta de interesse nas atividades habituais.
- Faltas não explicadas e/ou repetidas.
- Consumo excessivo de cigarros ou de bebida alcoólica ou abuso de drogas.
- Incidentes envolvendo a polícia e o estudante violento.
Os conselhos da UFRGS
O site Saúde Mental UFRGS lista hábitos saudáveis que podem ajudar o estudante. Veja um resumo de cada tópico a seguir e confira a íntegra em ufrgs.br/saudemental.
- Programe as atividades e organize o tempo, estabeleça uma rotina equilibrada entre dever e lazer.
- Elimine atividades concomitantes e evite aquelas que são supérfluas mas geram desgaste.
- Peça auxílio ao deparar com uma tarefa que demande muito esforço.
- Faça pausas e aproveite para descansar e relaxar corpo e mente.
- Mantenha posturas adequadas ao se sentar, além de fazer alongamentos.
- Realize as atividades sem pressa.
- Cuide para manter-se alimentado e hidratado.
- Busque envolver-se continuamente com atividades artísticas e culturais.
- Durma bem.
- Dedique tempo para envolver-se em atividades com as outras pessoas.