A pandemia se estabeleceu e, como consequência, veio o distanciamento social. Lugares que nos acostumamos a ver quase sempre da mesma maneira tiveram que ser reimaginados: escolas, parques, espaços públicos e, especialmente, ambientes de trabalho. No mundo corporativo, muito do que era tendência virou realidade mais rápido do que se esperava. Novos modelos de interação, mais sinergia e oportunidades de aprendizado.
Um relatório publicado em janeiro pela plataforma Glassdoor, que é especializada em vagas e perfis de empregadores, trouxe cinco tendências para o mercado de trabalho em 2020. A primeira delas, "inteligência artificial como parceira da gestão", não precisou nem de três meses completos para fazer parte da rotina de muitas empresas. Tarefas como monitoramento de desempenho e distribuição de tarefas deram um salto em direção a tecnologia durante o distanciamento social. Outro ponto levantado pelo relatório, a valorização da cultura corporativa também precisou ganhar força para manter colaboradores engajados no cenário atual. Ou seja: uma das conclusões possíveis é de que gestores e líderes estão tendo que aprender e testar rápido.
E como fica o desempenho dos colaboradores com as novidades? Afinal, as mudanças no trabalho entram na equação de uma série de mudanças a nível social. Em um estudo da revista britânica The Lancet Psychiatry, publicado em abril, por exemplo, 24 especialistas da área concordaram que a pandemia pode trazer riscos à saúde mental.
Para a médica Michele Gracioli Schneider, diretora assistencial da Doctor Clin, o maior desafio das empresas é não deixar que o distanciamento físico provoque um distanciamento profissional:
— Precisamos proporcionar ambientes que deixem os colaboradores seguros de que eles terão toda a assistência necessária, com medidas de higiene, porque essa tranquilidade vai se refletir no ambiente de trabalho. Também é fundamental mostrar que, apesar do distanciamento, o espírito de equipe precisa continuar — opina.
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Profissões do futuro
Outras consequências do distanciamento social devem ser o aumento da demanda de algumas profissões e até o surgimento de novos ofícios. E se engana quem aposta só no que diz respeito a tecnologia: atividades de logística e de entrega, por exemplo, aparecem entre as 20 profissões mais procuradas no Brasil, atualmente, segundo a Glassdoor. Adaptações, como as consultas psicológicas por videoconferência e a telemedicina, também podem ter chegado para ficar.
Independentemente da atividade, Michele acredita que a atenção dada à saúde nos ambientes de trabalho, em razão da pandemia, é uma atitude que vai permanecer.
— Uma das grande lições que ficam para as empresas é o zelo pela saudabilidade no trabalho. Investir em plataformas de apoio, como psicologia e recursos humanos, para que as pessoas tenham canais de abertura, são caminhos necessários — finaliza.
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