Fundado em 1889, o Gambrinus, restaurante mais antigo do Rio Grande do Sul em atividade, retomou sua operação neste sábado (6). O estabelecimento estava fechado desde 2 de maio, quando também foi inundado pela enchente que devastou o Rio Grande do Sul naquele mês.
Proprietário do Gambrinus, João Melo calcula em cerca de R$ 1 milhão o prejuízo sofrido com a enchente, somando estragos diretos causados pela água, que chegou à altura de 1m53cm dentro do local, e também o período em que o estabelecimento ficou sem operar. O restaurante nunca havia ficado tanto tempo sem vender refeições em toda a sua história, pois, mesmo durante a pandemia, os administradores logo montaram uma operação com entregas para seus clientes.
— Essa reabertura é realmente um recomeço. É voltar a fazer o que a gente gosta, voltar a fazer os clientes felizes, voltar a ver essa casa cheia de novo. Até emociona, é isso que a gente busca — destaca João Melo.
Nestes primeiros dias de retomada, o Gambrinus vai operar com cerca de 50% de sua capacidade regular, com 50 lugares disponíveis. Por limitação de fornecedores, algumas opções de pratos ainda não retornaram ao cardápio, mas o tradicional bacalhau à moda Gomes de Sá já pode ser aproveitado pelos clientes.
Acompanhada de um vinho tinto, esta foi justamente a opção de José Henrique Hetzel, 70 anos, e Aide Martins, 64. Conhecidos frequentadores do Gambrinus, eles costumam ocupar a mesa 9 do local "todos os sábados, sem falta".
— A gente sofreu sem poder vir aqui, mas eles sofreram muito mais, por causa do prejuízo. Por isso, a gente fica feliz em poder retornar a um lugar que a gente gosta, e também ajudar nessa recuperação — afirma José Henrique.
Mercado Público tem movimento reduzido
O Mercado Público de Porto Alegre ainda está com uma movimentação diária de 20% a 30% em relação ao que registrava antes da enchente de maio. A estimativa foi feita pelo presidente da Associação dos Permissionários do Mercado Público, Rafael Sartori. Entre os fatores que colaboram para esse cenário, analisa ele, estão a redução nos frequentadores do Centro, por ainda estarem em teletrabalho, e as lojas que não reabriram porque foram inundadas.
A diminuição no público também está ligada às mudanças nas linhas de ônibus e à operação do Trensurb, que é responsável por levar quase 10 mil pessoas por dia ao Mercado Público, entre clientes e colaboradores, de acordo com Sartori. Por enquanto, o trem está chegando somente até Canoas, e a Trensurb prevê que a Estação Mercado só deve ser reaberta em 2025, assim como a São Pedro e a da Rodoviária.
— A gente vem recebendo muita queixa dos colaboradores que não conseguem chegar até o Mercado e têm que passar muito perrengue pra vir até aqui. Então, tem muitos fatores jogando contra e, mesmo assim, graças a Deus, o carinho e o apelo dos clientes fazem com que a gente retorne mesmo numa capacidade menor. A gente vive de pessoas, isso que nos motiva e a esperança é que até o final do ano esse novo normal volte o mais perto dos trilhos possível — projeta Sartori.
Ainda conforme o presidente da Associação dos Permissionários, cerca de 10% dos espaços do Mercado Público seguem fechados e sem previsão exata para retorno. Após ficar 41 dias sem atender, o prejuízo do local foi de mais de R$ 33 milhões, segundo Sartori.