Na quinta-feira (23), a aposentada Clenice Schneider Menezes, 68 anos, ligou para a prefeitura de Viamão questionando quando o lixo seria recolhido da frente de sua casa. Segundo ela, a administração municipal prometeu que os resíduos seriam coletados até esta sexta-feira (24). No entanto, até as 11h, as sacolas com rejeitos continuavam penduradas na cerca de sua casa.
Mesmo com os problemas de saúde acarretados pela idade, a moradora da Rua Botafogo, no bairro Santo Onofre, diz que é obrigada a conviver com o mau-cheiro constante e a presença de animais atraídos pelo lixo acumulado. Ela comenta que frequentemente os cães da rua rasgam os sacos com os materiais e espalham os resíduos pela calçada.
— Eu já liguei três vezes para a prefeitura por causa disso. E outra coisa, eu sou uma pessoa idosa e tenho problema de saúde. Eu tive que pegar aquele saco e juntar todo o lixo dali, antes, porque os cachorros espalham — conta.
Logo à frente, na Rua Eucalipto, diversas moradias estavam com as lixeiras abarrotadas de sacolas. Uma delas fica em frente à casa de Alete Dias Fontoura, 70. Moradora do bairro desde que nasceu, ela diz que a coleta passa pelo local apenas uma vez por semana.
— Tem um cheiro muito ruim — reclama a idosa.
Segundo Alete, o caminhão do lixo passou pelo local pela última vez na semana passada. Ela afirma que o problema teve início ainda em 2024, logo após as eleições.
Outro bairro com relatos de lixo acumulado é o São Lucas. Na rua conhecida como Beco dos Cunha, havia diversos pontos com lixeiras cheias. Em frente a um mercado, diversas sacolas foram amarradas a um poste, em uma altura segura, para protegê-las dos cães.
O aposentado Nilton Zimba, 75, que saía do estabelecimento, conta que o problema já se estende há três meses e diz que mesmo com a troca da empresa responsável pela coleta a situação permanece. Zimba diz que além do odor, o lixo da rua também entope o esgoto.
Os moradores relatam que nos pontos em que há asfalto, a falta de coleta é menos evidente. Contudo, na Rua Antônio Vivaldi, no bairro São Lucas, que é pavimentada, também é possível encontrar trechos com lixo espalhado.
O que diz a prefeitura
Em nota, a prefeitura de Viamão explica que "a empresa Brisa assumiu o contrato emergencial de coleta de lixo na cidade dia 19/12/24, em um momento em que a cidade estava com um passivo de lixo de 6 meses deixado pela empresa anterior". O texto aponta que "a gestão passada rescindiu o contrato com a Coleturb, e fez essa contratação emergencial".
Conforme a prefeitura, a medida foi realizada sem prever a solução do passivo de lixo deixado pela empresa anterior. "Ou seja, a empresa nova assumiu com uma frota e contratações prevendo somente o recolhimento normal".
A nota diz ainda que no fim de 2024, oficinas mecânicas tiraram férias coletivas, comprometendo a manutenção dos veículos da frota. "Então se um caminhão estraga, eles não tinham como consertar em nenhuma cidade próxima".
Ainda conforme a nota, a empresa teria solicitado ao prefeito o prazo até o dia 19 de janeiro, após um mês de contrato, para solucionar o passivo, "e o fizeram".
A comunicação da prefeitura pontua, também, que o serviço está sendo normalizado aos poucos. Salienta ainda que há pontos de despejo irregulares de lixo. A reportagem encaminhou à prefeitura os locais em que os casos de acúmulo foram registrados para que sejam verificadas as situações pontuas.
Leia a nota na íntegra
"A empresa Brisa assumiu o contrato emergencial de coleta de lixo na cidade dia 19/12/24, em um momento em que a cidade estava com um passivo de lixo de 6 meses deixado pela empresa anterior. A gestão passada rescindiu o contrato com a Coleturb, e fez essa contratação emergencial.
O que ocorreu foi que essa contratação emergencial foi feita sem prever a solução do passivo de lixo deixado pela empresa anterior. Ou seja, a empresa nova assumiu com uma frota e contratações prevendo somente o recolhimento normal.
Eles também tiveram que enfrentar o período do final do ano, onde as mecânicas tiraram férias coletivas. Então se um caminhão estrava, eles não tinham como consertar em nenhuma cidade próxima.
Em reunião com a empresa Brisa, no início do ano, eles pediram para o prefeito até o dia 19/01/25, depois de 1 mês de contrato, para terminar com o passivo dos 6 meses. E o fizeram."