A situação dos moradores do bairro Serraria, na zona sul de Porto Alegre, é crítica. O único acesso está isolado por conta da enchente e a maioria dos moradores precisa do auxílio de barcos ou dos caminhões do Exército para realizar a travessia na Rua Geralda dos Santos Moreira. O acúmulo de lixo também deixa um forte odor pelas ruas.
Por conta da falta de energia elétrica, moradores acabaram emprestando geradores para que a escola Estadual Custódio de Mello, que funciona como abrigo consiga ter energia durante algumas horas da noite.
— Estamos sem luz desde o início do mês. Estamos nos ajudando. Mas precisamos de combustível para os geradores funcionarem por mais tempo. Talvez um gerador maior para a escola — relatou Mauricio de Alencar, 54 anos.
A escola abriga cerca de 11 pessoas que acabaram perdendo suas casas. O local também possui atendimento médico e distribuição de alimentos.
— Umas 16 casas desabaram. As pessoas Não tem para onde voltar. Precisam de colchões e alimentos. Estamos também tendo que racionar o gás. Cozinhamos a cada dois dias — contou Jandira Borba, 30 anos, voluntária no abrigo que estava às escuras por conta do racionamento de combustível.
O bairro também sofre com falta do serviço de coleta de lixo. Nas ruas, becos e vielas é possível ver muitos sacos de lixos acumulados, que acabam produzindo um forte cheiro que toma conta da região.
— Estamos sendo assistidos por médicos e veterinários voluntários. O posto de saúde está funcionando e também nos dá um importante suporte. Mas seria importante recolher o lixo das ruas. Alguns moradores já retiraram por meio dos barcos, mas é muita coisa — falou Mauricio.
Muitas pessoas perderam tudo. Saíram de suas casas apenas com a roupa do corpo e agora precisam pensar em como recomeçar. Este é o caso da autônoma Miriã Sauthier, de 72 anos, que teve a casa invadida pela enchente.
— Perdi tudo. Só saí com a roupa do corpo. Mas Deus tem um propósito. Perdi minhas coisinhas, mas vamos recuperar.