Três escavadeiras hidráulicas e duas dragas chamam a atenção na foz do Arroio Dilúvio, junto ao Guaíba, no começo da Avenida Ipiranga, em Porto Alegre. As máquinas retiram lodo do fundo da água e formam montes de cerca de quatro metros de altura. Desde 31 de março, a dragagem do Arroio Dilúvio se concentra neste ponto.
— Ao contrário de toda extensão do Arroio Dilúvio, onde conseguimos dragar pela margem, na foz precisamos fazer o caminho para as máquinas chegarem ao ponto que queremos atingir — explica o diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), Maurício Loss.
Nesta terça-feira (30), era possível ver o serviço sendo realizado na foz junto ao Guaíba. Além das montanhas de terra, que depois serão transportadas em caçambas de caminhões para aterro sanitário localizado no bairro Lami, na zona sul da Capital, havia muitas aves pousadas nos bancos de areia acompanhando a movimentação.
— Todo o material que retiramos do fundo da água usamos para fazer o caminho para as máquinas. Transportados para caminhões da foz, foram 10 mil metros cúbicos até agora — afirma o diretor-geral, acrescentando: — Estimamos retirar 150 mil metros cúbicos dali.
Segundo Ruan Claudino, engenheiro encarregado de acompanhar os trabalhos na foz, são retirados, em média, de 800 a mil metros cúbicos de lodo por dia neste ponto.
— Isso representa 70 viagens de caminhões por dia — diz, salientando que o material é bastante arenoso nessa área.
A previsão inicial da prefeitura era de que os trabalhos na foz se estenderiam por cerca de quatro meses. Entretanto, a projeção do diretor-geral, agora, é de que ao menos mais cinco meses serão necessários para as ações serem finalizadas no local.
— Até o fim do ano, mais ou menos outubro e novembro, se as condições climáticas ajudarem — calcula Loss.
A última dragagem na foz ocorreu há mais de uma década. Basicamente, no encontro das águas do Dilúvio com o Guaíba, o fluxo diminui, o que ocasiona mais acúmulo de material no fundo. Isso significa que as operações de dragagem demoram mais para serem efetivadas.
Taludes
Em alguns pontos da Avenida Ipiranga, como em frente ao Colégio Estadual Protásio Alves e logo após o cruzamento com a Erico Verissimo em direção ao Guaíba, é possível ver que onde havia grama perto dos taludes ficou apenas terra. As montanhas de lodo, chamadas de leito de secagem pela prefeitura, ficavam em cima desses trechos antes de serem transportadas para os caminhões em direção ao aterro sanitário.
— Não conseguimos raspar todo material, porque por esses canteiros passam redes de fibra óptica e da CEEE Equatorial. Temos cuidado para não avançar para baixo para não romper nada — esclarece Loss, revelando que uma máquina já ocasionou o rompimento de fibra óptica da Companhia de Processamento de Dados de Porto Alegre (Procempa), o que deixou alguns equipamentos da prefeitura sem internet por alguns dias.
— Tem alguns procedimentos que não conseguimos fazer 100% a contento. Algumas coisas temos limitações — pondera, em relação a esses espaços próximos aos taludes.
Desde março do ano passado, quando começou o serviço, quase 82 mil metros cúbicos já foram dragados nos trechos do Dilúvio, além de outros 10 mil metros cúbicos da foz.
— São 92 mil metros cúbicos. Isso é muita coisa — reconhece o diretor-geral do Dmae.
Pneus
Na soma do que foi retirado do Dilúvio com todos os demais arroios dragados pela cidade, já foram quase 5 mil pneus retirados das águas. Os itens são encaminhados para a reciclagem.
— Também tiramos pedaços de portas de geladeira, televisão e sofás — enumera Loss.
Em janeiro deste ano, reportagem de GZH mostrou que pontos recém-desassoreados do Arroio Dilúvio já tinham sofás e pneus no leito. Nesta terça-feira, um sofá podia ser visto na superfície da água na altura do cruzamento da Avenida Ipiranga com a Erico Verissimo.
Atualmente, além da foz, a dragagem do Dilúvio se concentra nas imediações da IESA na Avenida Ipiranga. O serviço é realizado pelo consórcio Suldrag, que possui contrato com a prefeitura, por meio do próprio Dmae.