Nesta semana, o projeto Bonja Viva — A Cultura Como Instrumento de Paz promove uma série de atividades, como apresentações, oficinas, feira solidária, sarau e show nas comunidades da zona leste da Capital. A iniciativa mobiliza práticas criativas entre artistas da cultura popular e o compartilhamento com os moradores da região. A programação começou na segunda-feira e segue até dia 1º.
— É uma semana de atividades, são 19 artistas e grupos que vão participar. Artesãos vão estar ministrando oficinas que fomentam a feira econômica solidária. Temos a expectativa de que, além do pessoal que mobilizamos dentro da comunidade, outras pessoas queiram saber mais sobre a nossa programação — afirma o produtor cultural Alex José dos Santos, o Pantera.
O mestre de bateria da escola Copacabana, Junior Medina, é um dos apoiadores do festival. No próximo sábado (29), ele estará à frente da oficina de percussão para crianças e adultos interessados:
— Vamos passar o conhecimento referente aos instrumentos usados na escola, surdos, caixa, chocalho, repinique, tamborim. Existe uma defasagem no Carnaval em termos de ritmistas, então essas oficinas para crianças e adultos são oportunidade de aprender e também compartilhar conosco — diz Medina.
Nesta terça-feira (25), na abertura do projeto, ocorre um sarau literário-musical na quadra da Escola de Samba Copacabana. O evento, que homenageia a escola pela trajetória de 61 anos no bairro Bom Jesus, conta com a participação das poetisas Fátima Farias e Isabete Fagundes, além do Coletivo Afrogueto e dos músicos da Copacabana. As escritoras compartilham com o público o conteúdo de suas obras que são conectadas com a vida na zona leste da Capital.
Fátima Farias, moradora da Bonja, apresenta trechos do seu terceiro livro, Santas de Casa, publicado recentemente pela editora Libretos e lançado no evento. A obra conta um pouco de sua história, com fragmentos de sua infância e adolescência, relembrados por ela durante a pandemia. Santas de Casa é seu primeiro livro de memórias em prosa poética.
— Esse livro é um resgate de memórias de infância, daquelas que eu me lembro até meus 14 anos, no pátio lá de casa, em Bagé, onde éramos em 12 crianças — diz Fátima.
Outra escritora da Bonja, Isabete Fagundes Almeida, apresenta poemas do seu livro Passeio Poético (editora AGABARA edições, 2020). Na obra, Isabete revela nos versos personalidades negras e a representatividade que elas têm nas lutas sociais.
— Através dos poemas resgato personalidades negras que não estão ou quase não citadas nos livros escolares. São poemas pensados para professores fazerem trabalhos em aula, de pesquisa e descoberta sobre qual foi a participação dessas pessoas na história — conta Isabete, que além de poeta é pedagoga.
No sarau, Isabete apresenta o poema Somos Todos Guerreiros, uma homenagem ao escritor Oliveira Silveira, um dos idealizadores do 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra.
Recursos para a arte
Bonja Viva é uma realização de DNÁfrica Produções e AMÓ, com financiamento da prefeitura de Porto Alegre por meio do edital de Eventos Descentralizados do Fundo Municipal de Apoio à Produção Artística e Cultural (Fumproarte). O projeto é uma iniciativa derivada da Mostra Cultural da Região Leste, cuja primeira edição ocorreu em 2003. A Mostra Cultural consistia em uma reunião de artistas da região para compartilhar saberes com a comunidade. Em 2006, passou a receber recursos do Orçamento Participativo. Após, a iniciativa teve um hiato de 2008 a 2016. No ano passado, Alex, como produtor cultural, inscreveu o Bonja Viva no edital para colocar novamente em prática a proposta de incentivar a arte e cultura no bairro.
— O Bonja Viva vem de uma história que começou sem dinheiro e depois teve a logística do Orçamento Participativo. E, agora, a partir de toda uma experiência construída, conseguimos acessar recursos para capilarizar dentro da região — explica Alex Pantera.
PROGRAMAÇÃO BONJA VIVA
Quarta-feira (26)
- 10h — Escrita Criativa no CAPS Caminhos do Sol no Jardim Ypu — Fátima Farias
- 15h — Contação de historia no Quintal da Leitura na Bom Jesus — Aline Ferraz
- 19h30min — Oficina de Turbante e Abayomi na Escola Estadual Antão de Farias — Mariele
Quinta-feira (27)
- 10h — Oficina de Poesia e Slam na Escola Iba Ilham Moreira no Jardim Carvalho — Poetas Vivos
- 14h — Oficina de Fuxico com Luíza na Associação Perpetuo Socorro na Bom Jesus — CTG Raízes
- 15h — Oficina de Teatro no Centro Cultural Marli Medeiros na Bom Jesus
Sexta-feira (28)
- 10h — Oficina de Hip Hop na Escola Nossa Senhora de Fátima da Bom Jesus — Negra Jaque
- 14h — Oficina de Artesanato com Helena na Associação São José Operário na Bom Jesus— Cooperarte
- 17h30min — Batalha de Poesias na Praça da Vila Sapo — Slam da Bonja
Sábado (29)
- 10h — Oficina de Rima no estúdio gravadora — Rima na Estação
- 10h — Oficina e grafite na Geladeiroteca na Rua H na Bom Jesus — Kuca
- 15h — Oficina de Percussão com Mestre Medina — Escola de Samba Copacabana
- 15h — Oficina de Dança na Praça dos Anjos na Bom Jesus — Jukinha B-Boy
Domingo (30)
- 15h — Espetáculo de teatro de rua O Amargo Santo da Purificação no Centro Esportivo Cultural da Bom Jesus — Ói Nóis Aqui Traveiz
Segunda-feira (1º/05)
- Das 13h às 21h — Show de encerramento com diversos artistas na Rua Bom Jesus, 550, em frente à Escola Estadual Antão de Farias.
- Das 10h às 17h — Feira Solidária
- 12h — Roda de Capoeira com Mestre Ivonei