
A 66ª edição da Paixão de Cristo, realizada nexta-feira (18), começou com uma cerimônia religiosa no Santuário São José do Murialdo, no Morro da Cruz, na zona leste de Porto Alegre. Integrantes do público espectador, previamente inscritos, puderam carregar a cruz por alguns metros do trajeto.
Na sequência do ato religioso, houve a bênção da macela e teve início a encenação em um palco montado quase ao lado do santuário. Fazia 28ºC e o sol era intenso.
Os figurantes partiram da frente da igreja para um percurso de 1,5 quilômetro. Moradora da comunidade, Sônia Maria da Silva, 69 anos, aguardava o começo da encenação ao lado da filha Elisandra da Silva Santos, 44.
— A gente mora aqui e vem seguido — afirma Sônia.
Questionada se a caminhada não é cansativa, dona Sônia tem a resposta pronta:
— Vai na fé que não cansa.
A filha está pagando promessa pelo sobrinho que passou por problemas de saúde e chegou a ser entubado quando tinha apenas dois anos de idade.
— Fiz a promessa de participar da procissão até os sete anos de idade dele — comenta ela.
A procissão seguiu pela Rua Santo Alfredo em direção à parte elevada do Morro da Cruz, onde seriam encenadas a crucificação e a posterior ressurreição de Jesus Cristo, interpretado pelo vereador Aldacir Oliboni (PT).
— Quando a gente sobe percebe pessoas de pés descalços e pedindo graças. Este evento não é só um resgate histórico da humanidade, mas é um momento de reflexão e de alegria que as pessoas demonstram sua fé — disse Oliboni, que vive o papel há 43 anos e começou a carregar a cruz exatamente às 16h50min.
O figurante Luan Fernando Almeida Farias, 35, participa da encenação há 24 anos. Atualmente, interpreta um soldado romano:
— É gratificante e um sentimento muito grande ver as pessoas com um sorriso no rosto acreditando em sua fé — diz.
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Sob a direção de Camilo de Lélis, a 66ª edição da Paixão de Cristo reúne mais de 120 pessoas na apresentação. A narração do espetáculo está sob responsabilidade de Wagner Santos, ator da comunidade do Morro da Cruz.
A encenação está conectada à Campanha da Fraternidade, que tem como tema Fraternidade e Ecologia Integral. Na procissão, ocorrem menções ao meio ambiente e aos problemas climáticos. Um homem vestido de preto em cima de pernas de pau representa o "monstro do plástico".
Além de Aldacir Oliboni no papel de Jesus Cristo, Joana Cambeses representa Maria (mãe de Jesus); Danny Griss é o Rei Herodes, enquanto Jairo Klein interpreta Pôncio Pilatos. João Lima está responsável pelo Arcanjo Miguel e Rodrigo Kão desempenha o papel de Judas Iscariotes. Além desses, outras pessoas interpretam personagens nos demais episódios do espetáculo vinculado ao calvário de Cristo.