O acúmulo de casos de dengue assusta em Porto Alegre. O boletim epidemiológico mais recente divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), na terça-feira (26), mostra que neste ano já foram notificados 2.304 casos suspeitos de dengue entre moradores da Capital, dos quais 1.650 (71,6%) foram confirmados. No mesmo período do ano passado, somente 21 casos tinham sido confirmados. É um aumento astronômico de 7.757%.
No mesmo boletim, a prefeitura aponta quais bairros mais estão infestados pelo mosquito Aedes aegypti e também os locais que mais registraram casos. E pontos da Zona Leste, como os bairros Jardim Carvalho e Bom Jesus, se destacam nesse acumulado de pessoas contaminadas. Na manhã de sexta-feira (29), a reportagem de GZH circulou pela região e conversou com moradores.
Nas ruas, é possível notar que onde a comunidade pode agir por conta própria, a prevenção acontece. É o caso de uma gruta para Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na Rua Uirapuru. Para evitar o acúmulo de água, a vizinhança colocou pedras no espaço de fronte à gruta. Normalmente, o local tinha água parada, que pode servir de espaço para proliferação de larvas.
Entretanto, a poucos metros da gruta para a santa do Perpétuo Socorro, a comunidade não tem muito o que fazer em relação a uma boca de lobo que virou ponto de água parada. No local, a reportagem presenciou centenas de larvas de mosquitos se proliferando na manhã de sexta-feira. A região da Zona Leste é cercada por bastante mata. Mesmo nos bairros, espaços arborizados estão presentes. E em alguns destes pontos onde a reportagem circulou, a presença de mosquitos chamava atenção.
A dona de casa Simone Bueno da Silva, 48 anos, reforçou os cuidados. Os vasos de planta são furados e sem pratinhos, para evitar que a água fique parada. Os cães de estimação têm os potes de água constantemente lavados e com líquido renovado. Tudo para evitar qualquer chance de que o lar da família vire ponto de proliferação do Aedes aegypti.
— Temos que estar atentos. E também tenho visto equipes da prefeitura, até recebi um panfleto com dicas de prevenção à dengue — pontua Simone.
Além de Simone, outros moradores também comentaram a passagem de equipes da prefeitura pelas principais ruas do bairro. Na semana passada, teria sido aplicado inseticida em pontos do Jardim Carvalho, conforme os relatos. O policial militar aposentado Roberto Abreu, 62 anos, pontua a importância de que a presença dos agentes municipais seja frequente.
— Tenho visto no noticiário como aumentaram os casos. É importante essa presença de equipes para orientar os moradores — cita Roberto.
"Na nossa rotina há anos"
Em alguns outros pontos, a presença dos agentes é menos notada. A estudante de Direito Julia Paim, 26 anos, costuma vir ao local semanalmente para fazer trabalhos voluntários. Ela conta que tem ouvido diversos relatos na comunidade de casos de dengue. E pontua que a presença do poder público poderia ser mais frequente, principalmente, para combater focos de proliferação dos mosquitos.
A professora aposentada Juçara Ricciardi, 73 anos, cita que não viu equipes na região onde mora nos últimos tempos. Mas, tem mantido cuidados:
— A dengue é algo que está na nossa rotina há anos, né? Então, já acostumei a deixar os pratinhos dos vasos de planta virados e sempre cuidar pontos onde pode ter água parada.