Porto Alegre poderia se inspirar em Buenos Aires. Refiro-me aos espaços urbanos, à relação que a cidade estabelece com seus moradores, à conservação dos prédios históricos, ao cuidado com as árvores e, principalmente, com as calçadas. Sim, voltemos a falar de calçadas, tema da minha última coluna antes das férias, que retoma seu lugar neste espaço.
É um prazer caminhar pelas calçadas de Buenos Aires. Na capital argentina, geralmente são amplas, limpas e niveladas, livres de pedras soltas. Estão harmoniosamente integradas aos prédios, casas e comércios. Simples, mas incrivelmente agradáveis. Após uma semana por lá, voltei com a convicção reforçada de que precisamos cuidar melhor das nossas próprias calçadas.
Na coluna anterior, fiz um apelo à prefeitura da Capital para que buscasse alternativas e adotasse uma postura mais proativa na melhoria desses espaços, mesmo reconhecendo que a responsabilidade é dos proprietários dos imóveis. A legislação prevê multas para infratores, mas, na prática, pouco efeito se vê.
No ano passado, durante a campanha eleitoral, Sebastião Melo manifestou-se contra as multas para quem não cuida das calçadas. No entanto, disse que pretendia investir dinheiro público para mudar este cenário.
"Se for reeleito prefeito, eu vou lançar um programa da prefeitura, fazer um projeto-piloto, botar dinheiro da prefeitura e, a partir dali, tentar incentivar a população para ela fazer aquele padrão de calçada", prometeu Melo.
Após a última coluna, recebi inúmeros e-mails de leitores apoiando o pedido de mais cuidado com nossas calçadas. Algumas mensagens vieram acompanhadas de relatos preocupantes sobre pessoas que se machucaram devido à precariedade desses espaços. Uma leitora, por exemplo, relatou que quebrou a mandíbula, cinco dentes e sofreu dois cortes no rosto após uma queda. Ela precisou passar por cirurgia, gastando R$ 20 mil no total.
É inadmissível aceitar passivamente morar em uma cidade onde não se pode caminhar com segurança. Claro, temos bons espaços como a Orla e os parques, mas precisamos poder caminhar nos bairros, entre casas e prédios. Que possamos andar sem tropeçar.