A retomada das atividades do Hospital Beneficência Portuguesa sob nova direção, prevista para esta quarta-feira (1º), foi adiada, e ainda não tem data para ocorrer.
De acordo com Ricardo Pigatto, diretor executivo da Associação Beneficente São Miguel, instituição que assumiu a gestão do hospital de Porto Alegre pelos próximos cinco anos, a nova administração luta contra o tempo para ajustar as instalações até o final de quarta e, assim, deixá-las à disposição para uma nova vistoria da Vigilância Sanitária. O objetivo inicial é reabrir o setor de emergências do hospital e obter a liberação para 22 leitos no quarto andar do edifício na Avenida Independência. Em um primeiro momento, os atendimentos seriam particulares e pelos 19 planos de saúde conveniados ao hospital.
— Considerando que firmamos o contrato no dia 9 (de julho), fizemos muita coisa em pouco tempo. Porém, fomos prejudicados pelo mau tempo das últimas semanas, o que comprometeu sobretudo os trabalhos contra infiltrações e de pintura — justifica.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a última vistoria da vigilância sanitária solicitada pela administração do Beneficência foi realizada em 20 de julho. A notificação, emitida quatro dias depois, apontou uma série de adequações como fundamentais para o reinício das atividades em setores como laboratório de análises clínicas, farmácia e agência transfusional, além de apontar a necessidade de um responsável técnico médico e empresas para fornecimento de alimentação, já que o serviço será terceirizado em razão da interdição da cozinha.
A nova administração foi informada ainda sobre a necessidade de nomear uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar e de um Núcleo de Segurança do Paciente a fim de garantir os trabalhos no pronto-atendimento e nas instalações do terceiro e do quarto andar do hospital. Por fim, a vigilância pediu a apresentação de documentos como certificados de limpeza, de manutenção de equipamentos, plano de prevenção e combate a incêndios e contratos com prestadores de serviço.
A Associação Beneficente São Miguel, de Gramado, assumiu o Beneficência após uma grave crise financeira. Entre os credores, a prefeitura de Porto Alegre rescindiu o contrato mensal de 116 leitos pelo SUS em razão dos R$ 8,8 milhões que o hospital recebera por serviços não prestados. O passivo total, também assumido pela associação, foi estimado em R$ 100 milhões. A prefeitura confirma negociações para que o Beneficência oferte procedimentos à rede de saúde do município abatendo sua parte da dívida.
Enquanto não reabre as portas do hospital, a nova administração seleciona profissionais como enfermeiros e técnicos de enfermagem, radiologia, laboratório, higienização e manutenção.