Os primeiros dias de janeiro são de cidade vazia. Chegar aos lugares é fácil. Sobra tempo para perceber os detalhes do trajeto que, na loucura do ano, acabam grudando à rotina a ponto de parecer normal. Da janela do ônibus, percebo que o Monumento aos Açorianos, do outro lado da Ponte de Pedra, já não possui mais aquela tela de galinheiro que servia de cachorródromo. Mais do que eventual motel de cachorro, mendigo, e hipster em noite de festa na rua, a obra é uma homenagem à chegada dos sessenta casais de açorianos que povoaram a cidade no século 18. Medindo 24 metros de comprimento por 17 de altura, o monumento foi inaugurado em 26 de março de 1974. Assinada pelo artista plástico Carlos Tenius, lembra uma caravela, composta de corpos humanos entrelaçados, tendo à frente uma figura alada. No monumento está escrito: "Jamais sonhariam aqueles casais açorianos, que da semente que lançavam ao solo nasceria o esplendor desta cidade."
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