O espancamento coletivo sofrido por um motorista do Uber, em Porto Alegre, não é um fato isolado. Casos tão graves quanto a agressão a Bráulio Pelegrini Escobar na última quinta-feira em um supermercado da Zona Leste, já ocorreram em outras capitais desde que o serviço começou a operar no Brasil, em junho do ano passado.
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Polêmico, o aplicativo segue provocando muita discórdia entre usuários, taxistas e poder público, partes que discutem a concorrência "desleal" de um transporte "clandestino" diante de um discurso de ódio sustentado por uma parcela da categoria que se sente desfavorecida.
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De acordo com a assessoria de imprensa do Uber, agressões a condutores já foram registradas duas vezes em Belo Horizonte e também em São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal - em Brasília, um motorista chegou a levar pontos na cabeça depois de receber pauladas com cassetete em outubro deste ano.
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Na capital paulista, em agosto, um condutor do aplicativo registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil dizendo que foi sequestrado e agredido por um grupo de taxistas. O carro dele foi apedrejado. No Rio, outro motorista foi intimidado e agredido durante um protesto contra o Uber que acabou em confusão, em novembro.
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Na capital mineira, em setembro deste ano, um motorista do Uber registrou ocorrência depois de ter sido cercado por taxistas e atingido por socos. Segundo a vítima, o grupo teria usado facas e pedaços de madeira para intimidá-lo. No mês anterior, em agosto, outro condutor do aplicativo foi agredido e teve o carro danificado.
Casos em Porto Alegre
O mais recente, ocorrido no fim da tarde da quinta-feira, envolveu Bráulio Pelegrini Escobar, 40 anos, que disse ter levado socos e pontapés de taxistas por cerca de dez minutos até ser socorrido por testemunhas. Ele foi levado ao Hospital Cristo Redentor, onde fez exames e recebeu alta por volta das 23h.
Os taxistas foram presos em flagrante e encaminhados para a 2ª Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Porto Alegre. Cauê Cavalheiro Varella e Alexandro dos Santos Scheffer prestaram depoimento e foram reconhecidos pela vítima no Palácio da Polícia. Eles devem responder por tentativa de homicídio.
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Na madrugada de sábado da semana passada, pouco mais de um dia após o início do Uber em Porto Alegre, um motorista do novo serviço em operação teve a passagem bloqueada por taxistas no bairro Mont'Serrat, quando tentava transportar um passageiro. Eles teriam dito que só liberariam a rua depois que a EPTC ou a Brigada Militar chegassem.
No mesmo dia, a EPTC multou e guinchou um carro do Uber no bairro Independência. Na manhã de quarta-feira, outros dois carros foram recolhidos.
Uber nas capitais
Em Porto Alegre, o aplicativo acabou de ser proibido por um projeto de lei aprovado na Câmara Municipal. No entanto, o prefeito José Fortunati adiantou que não irá sancionar a proposta, de autoria do vereador Claudio Janta (SDD), e que ainda vai analisar a regulamentação do serviço na cidade.
Em São Paulo, também há uma lei em vigor vetando o uso do Uber. O prefeito Fernando Haddad está analisando possibilidade de regular o serviço com base na Política Nacional de Mobilidade Urbana. No Rio de Janeiro, o aplicativo também foi proibido por lei, sancionada pelo prefeito Eduardo Paes.
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No Distrito Federal, o governo já protocolou um projeto para regulamentar aplicativos de transporte executivo. O tema, porém, só deve ser discutido no ano que vem, e o serviço segue sendo considerado irregular por não ter solicitado autorização para operar.
Já a prefeitura de Belo Horizonte está tentando incorporar o sistema à frota de táxi, criando uma nova categoria com veículos de luxo. A proposta ainda não foi discutida na Câmara Municipal. O Uber está operando sem regulamentação desde novembro do ano passado na capital mineira.
*Zero Hora