
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, conversou por quase uma hora, nesta quinta-feira (6), com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick. A reunião ocorreu no fim da tarde por videoconferência e também contou com Jamieson Greer, representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR).
O contato do vice-presidente aconteceu enquanto o Brasil busca negociar com os americanos uma forma de escapar da sobretaxa que os EUA querem cobrar do aço importado, o que irá afetar as vendas brasileiras para o país. Alckmin se cercou de auxiliares do ministério e do Itamaraty para conversar com Lutnick e Greer.
Tarifas de Trump
Na terça-feira (4), Donald Trump reforçou seu plano de impor tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio que chegam de fora aos Estados Unidos. Aqui, por sua vez, o setor siderúrgico aposta na função estratégica que o aço brasileiro exportado exerce na indústria americana para manter o acordo de 2018.
Por ele, o Brasil pode exportar anualmente 3,5 milhões de toneladas de aço semiacabado e 687 mil toneladas de laminados aos EUA, arranjo que evitou a sobretaxa anunciada pelo republicano em seu primeiro mandato.
Alckmin tem defendido a manutenção dessas cotas e uma saída negociada com os Estados Unidos. O ministro argumenta que o Brasil não é um problema para os americanos, uma vez que a balança comercial entre os dois países é superavitária para o lado dos EUA.
OMC pode intervir
Em entrevista à Rádio Clube do Pará no dia 14 de fevereiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Brasil deverá "reagir comercialmente" a taxação.
— Se taxar, vamos reagir comercialmente ou vamos denunciar na OMC (Organização Mundial do Comércio) ou vamos taxar os produtos que a gente importa deles — sugeriu o presidente.
A Organização Mundial do Comércio (OMC) é a entidade internacional responsável por estabelecer as regras do comércio entre os países. Desde o início das ameaças de taxação, dois dos principais alvos das medidas, a China e o Canadá, recorreram à OMC para denunciar as tarifas punitivas de 25% impostas pelo governo dos Estados Unidos.
De acordo com as regras da OMC, uma queixa deve passar por várias etapas. Se as partes não chegarem a um acordo, o país que faz a reclamação pode solicitar a formação de um painel de três a cinco especialistas em direito internacional e comércio.
No entanto, este órgão de apelação, cujas recomendações admitem recurso, não pode tramitar novos casos desde dezembro de 2019 porque as cadeiras dos juízes permanecem vazias após o bloqueio de nomeações pelos Estados Unidos, uma prática iniciada pelo presidente Barack Obama e que seguiu com Donald Trump e Joe Biden.