
Glauber Braga (PSOL-RJ) completou uma semana em greve de fome nesta quarta-feira (16), ato que anunciou em protesto contra o processo de cassação do seu mandato que corre na Câmara dos Deputados. O deputado federal pelo Rio de Janeiro perdeu aproximadamente 4,6 quilos no período.
Segundo o g1, a equipe médica que acompanha o parlamentar informou que ele pesava 91,7 quilos no início da greve de fome, em 9 de abril. O boletim da manhã desta quarta-feira aponta 87,1 quilos.
Além de não se alimentar, o parlamentar também não deixou as dependências da Câmara dos Deputados, em Brasília, desde que o Conselho de Ética da Casa aprovou a cassação do seu mandato, também na quarta-feira da semana passada. Após a decisão, ele passou a dormir em plenários da Câmara e anunciou que só voltará para casa após o parecer final do processo.
Braga é alvo de uma denúncia do Partido Novo por quebra de decoro parlamentar. Ele é acusado de agredir, com socos e chutes, um militante do Movimento Brasil Livre (MBL) em abril de 2024.
O parecer apresentado por Paulo Magalhães (PSD-BA) ao Conselho de Ética da Câmara foi aprovado por maioria de votos, indicando que há indícios que permitem a cassação do mandato do parlamentar. Braga acusa Magalhães de ser "parcial" na condução do caso.
Exames periódicos
Uma equipe médica tem acompanhado Glauber Braga diariamente na Câmara dos Deputados, a fim de evitar complicações em razão da greve de fome. Apesar de não se alimentar, o parlamentar mantém a hidratação com soro, isotônicos e água e realiza exames duas vezes ao dia.
Nesta quarta-feira, Braga queixou-se de dores, mas salientou que vai seguir com a greve de fome e dormindo na Câmara.
— Meu corpo já começa a dar sinais. Tenho tido dor de cabeça, início de desconforto na barriga, mas a cabeça está firme e a missão de continuar nesta batalha, mais ainda — afirmou.
Recomendação de cassação
O Conselho de Ética da Câmara recomendou a cassação do mandato do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) em 9 de abril, por 13 votos a cinco. Ele é acusado de quebra de decoro por agredir, com chutes e empurrões, o militante do MBL Gabriel Costenaro dentro em abril de 2024, dentro da Casa.
O parlamentar ainda pode recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Para perder o mandato, são necessários ao menos 257 votos favoráveis entre os 513 deputados.
O parecer seguiu o voto do relator, Paulo Magalhães (PSD-BA), que acatou a denúncia do Partido Novo e afirmou não ter "dúvidas" sobre as agressões. Braga contesta o relatório, acusa o relator de ser "parcial" e aponta interferência do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no processo.
Segundo o parlamentar, tudo começou após "provocações sistemáticas" do MBL, incluindo ofensas à sua mãe, que morreu semanas depois.