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A Polícia Federal (PF) localizou documentos e diálogos de suspeitos que apontam para uma cobrança de 6% de propina no repasse de emendas parlamentares ao Hospital Ana Nery, em Santa Cruz do Sul. A soma de pagamentos indevidos pode chegar a R$ 509,4 mil.
Os investigadores identificaram que o esquema envolvia o chefe de gabinete do deputado federal Afonso Motta (PDT-RS), Lino Furtado, o lobista e diretor da Metroplan Cliver Andre Fiegenbaum.
Ainda segundo a PF, existe a demonstração de envolvimento de várias pessoas ligadas ao Hospital Ana Nery: o superintendente do Hospital Ana Nery, Gilberto Gobbi, o diretor administrativo Celcio da Silveira Junior e o analista financeiro Leandro Diedrich, além de Agnaldo Machado Ferreira e Carlos Danilo Wagner. A reportagem tenta contato com eles.
A PF também localizou um contrato formal e notas fiscais que demonstram o pagamento pelo hospital de "comissões" à empresa “CAF representação e intermediação de negócios”, de propriedade de Cliver. A coluna teve acesso à íntegra da decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a operação. Em conversas entre os investigados, uma das preocupações era sobre formas de esquentar o dinheiro recebido ilegalmente.
"No dia 4 de margo de 2024, conforme imagem 56, Leandro pede auxílio a Cliver para ele e para Celcio sobre como seria a melhor forma de proceder com relação à 'lavagem' de valores. Comenta que o salário é menor do que o ganho real (o qual inclui a porcentagem das captações) e acrescenta que 'ficaria igual meio suspeito' viver a vida apenas com 'dinheiro vivo', que teria interesse em adquirir um terreno, mas que não saberia como declarar o bem”, diz o relatório da PF que embasa o pedido de autorização judicial.
Com base no restante da conversa, segundo a investigação, sugere-se que uma das possibilidades para "lavagem" de valores seria por meio da emissão de “notas fiscais". Na análise do celular de Cliver, a PF identificou a emissão de três notas fiscais. Elas totalizam R$ 509,4 mil, montante que foi bloqueado pelo STF em contas dos investigados. Do total, R$ 426 mil teriam sido pagos antes das tratativas com o chefe de gabinete de Motta. Mas os policiais também relatam diálogos que comprovariam o recebimento de valores ilícitos por Lino.
“Os pequenos eu posso complementar e botar mais 10 em cima. Pra tu confiar na parceria e eu quero continuar com a tua parceria ano que vem. (...) Então tu tem que ver, era 400, faltou 15, te levo mais, mais 25. Isso eu tenho do meu, ai eu nem envolvo ninguém, porque eu não quero estragar a parceria e tu vai ver que nós não vamos ratear contigo”, diz um trecho de áudio enviado por Cliver a Lino.
Na decisão, Dino esclareceu que, apesar de não existir, nesse momento, nenhum pedido em face de uma autoridade com prerrogativa de foro no STF, a competência para apreciação é da Suprema Corte por referir-se a investigações decorrentes de verbas destinadas por um parlamentar federal.
Nota do Hospital Ana Nery
Nota à Imprensa
O Hospital Ana Nery, referência em saúde e bem-estar desde sua inauguração em 1955, reafirma seu compromisso com a transparência, a integridade e o pleno cumprimento das normas legais.
Na manhã desta quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025, a instituição tomou conhecimento, com surpresa, da operação EmendaFest. Desde então, tem prestado total colaboração às autoridades, fornecendo prontamente todos os documentos solicitados e colocando-se à disposição para contribuir com o esclarecimento dos fatos.
O Hospital Ana Nery reitera seu compromisso com a ética e a legalidade e seguirá colaborando com as investigações para que sejam conduzidas com a máxima celeridade e transparência.