
O líder da bancada evangélica do Senado, Carlos Viana (Podemos-MG), defendeu nesta quarta-feira (19) a anistia para os envolvidos nos atos golpistas de 8 de Janeiro, mas sem incluir o ex-presidente Jair Bolsonaro e os outros denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR). O parlamentar afirmou que os acusados devem ser julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
A visão de Viana diverge da exposta pelos parlamentares bolsonaristas, que enxergam na isenção de pena uma brecha para a participação de Bolsonaro nas eleições de 2026.
— Eu defendo que eles respondam ao processo e que a gente fique sabendo se houve realmente um tipo de tentativa. A gente tem que confiar na PGR e no Supremo. Eles têm que responder com isso, mas gente que não foi pega aqui quebrando não tem porque estar presa até hoje por isso — afirmou Viana.
A PGR apontou que Bolsonaro cometeu cinco crimes, sendo eles: dano qualificado com uso de violência e grave ameaça, deterioração do patrimônio tombado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. Somadas, as penas dos crimes podem chegar a mais de 43 anos de prisão.
De acordo com a denúncia da PGR, Bolsonaro liderou uma organização criminosa "baseada em projeto autoritário de poder" e "com forte influência de setores militares". Também foi apontado como comandante da trama o ex-ministro da Defesa general Walter Braga Netto, que está em prisão preventiva.

Prioridades da bancada
Nesta quarta, Carlos Viana foi reeleito presidente da Frente Parlamentar Evangélica (FPE) do Senado, que reúne 26 dos 81 senadores, e vai comandar o grupo até 2026. Segundo ele, a prioridade da bancada é cobrar da Câmara a tramitação da PEC das Drogas, que criminaliza o porte de qualquer quantidade de entorpecente.
O texto é uma resposta direta ao STF que, em junho do ano passado, decidiu descriminalizar o porte de maconha para o uso pessoal. A PEC das Drogas foi aprovada em abril pelo Senado, mas, desde então, está engavetada na Câmara e aguarda a instalação de uma comissão analisadora. Segundo Viana, foi feita uma cobrança para que o novo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), dê celeridade ao tema.
— Nós esperamos que a Câmara referende, que não haja brecha para o STF venha dizer qual a quantidade de droga que a pessoa pode portar — afirmou Viana.
Viana também apontou que a queda da popularidade do governo Lula com os evangélicos tem relação com a mudança de posicionamento do Planalto em temas caros, como a questão do aborto. O presidente da frente parlamentar disse que o Executivo é formado por pessoas que não entendem os propósitos do grupo.
Na próxima terça-feira (25), o novo presidente da bancada evangélica da Câmara será eleito. Três nomes concorrem: os deputados Gilberto Nascimento (PSD-SP), Greyce Elias (Avante-MG) e Otoni de Paula (MDB-RJ).