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Em sua primeira aparição pública após ser denunciado por tentativa de golpe de Estado, Jair Bolsonaro afirmou, nesta quinta-feira (20), que está com a "consciência tranquila". Segundo o ex-presidente, o documento de 272 páginas apresentado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) seria mera narrativa contra ele e seus apoiadores.
— Nada mais têm contra nós do que narrativas. Tudo foi por água abaixo. A mais recente foi essa de golpe. Vão prender o Bolsonaro? Caguei para a prisão — disse sob aplausos e gritos de "mito" dos eleitores do Partido Liberal (PL).
As declarações do ex-presidente foram feitas durante o encontro nacional de comunicação do PL, no qual participaram big techs como X (antigo Twitter) e Google. Em 30 minutos de discurso, Bolsonaro pouco falou sobre a atuação da direita nas redes sociais e repetiu os argumentos já apresentados para desacreditar as investigações da Polícia Federal (PF).
— Quem precisa de 800 páginas para provar é que não tem o que mostrar — afirmou, em alusão ao relatório apresentado pela Polícia Federal com as provas que embasaram a denúncia da PGR.
Anistia
Segundo Bolsonaro, a prioridade da direita neste momento deve ser a anistia dos presos de 8 de Janeiro. O ex-presidente convocou seus apoiadores a comparecerem às manifestações organizadas para o dia 16 de março e pediu que não levem cartazes.
Na última quarta-feira (19), parlamentares de oposição se reuniram com Bolsonaro para traçar estratégias de atuação após a denúncia, o que inclui a mobilização da base nas ruas para mostrar força.
Bolsonaro ainda voltou a acusar, sem provas, que as eleições de 2018 e 2022 foram fraudadas. O ex-presidente resgatou o inquérito da PF que apurou um ataque hacker aos sistemas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 2018, sob a alegação de que esse caso evidenciaria tentativas de fraude, o que é falso.
As falas de Bolsonaro sobre os casos que o atingem se mesclaram com ataques ao governo Lula, enaltecimento de seus próprios feitos e até mesmo recados a aliados. O ex-presidente afirmou que segue forte no posto de líder da direita, apesar dos reveses que enfrenta na Justiça.
— Tem gente mais preparada do que eu, aqui deve ter dezenas, mas com o couro mais grosso do que o meu, não tem.
Falas para Arthur Lira
Em uma de suas várias digressões durante o discurso, Bolsonaro agradeceu o ex-presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP-AL), atualmente cotado para assumir um ministério no governo Lula. Segundo Bolsonaro, Lira pautou tudo que ele pediu, especialmente no quesito relacionado à redução de tributos.
— (Lira) tem seus problemas. Pode ter. Mas se fosse um "gravatinhas", limpinho na presidência, não teria resolvido o problema. Obrigado, Arthur Lira — enfatizou.