O general Marcos Antônio Amaro dos Santos assumiu nesta quinta-feira (4) o cargo de ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). A posse ocorreu em reunião fechada com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e alguns ministros no Palácio do Planalto. A escolha do general foi feita no dia 27 de abril.
Amaro terá a responsabilidade reestruturar a pasta, que passou por devassa no último mês sob suspeita de que servidores bolsonaristas tenham vazado o vídeo que causou a queda do primeiro ministro do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), general Gonçalves Dias.
O então ministro apareceu em imagens do circuito interno do Planalto indicando a saída para golpistas que invadiram e depredaram o prédio no dia 8 de janeiro. Dias depois, o gabinete, já sob o comando interino de Ricardo Cappelli, divulgou as imagens daquele dia no Palácio do Planalto na íntegra.
O novo chefe do GSI também ocupou a Casa Militar durante o segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff. Ele chegou a ser descrito nos bastidores como "sombra" da mandatária, função essa desempenhada por Gonçalves Dias nos dois primeiros mandatos de Lula.
O general Amaro chega ao GSI após o período de interinidade do secretário executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, na condição de ministro. Cappelli, que também foi interventor da segurança pública do Distrito Federal, é de uma ala do governo que defendia a extinção da pasta.
Em sua curta passagem pelo GSI, Cappelli determinou a exoneração de mais 58 servidores do gabinete. Ao todo, 87 funcionários do GSI foram dispensados após os atos de 8 de janeiro, em um movimento que ficou conhecido no Planalto como "desbolsonarização". O temor de infiltrados na pasta foi agravado após um major subordinado ao ex-ministro Gonçalves Dias ter sido flagrado distribuindo água aos golpistas que invadiram o Planalto no início do ano.
O presidente Lula resistiu às pressões que vinham de pessoas próximas, como a primeira-dama Rosângela da Silva, e decidiu manter o GSI na estrutura do Planalto. A avaliação de aliados do presidente é de que a pasta foi desconfigurada e tomada por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a gestão de quatro anos do ex-ministro-general Augusto Heleno.
Forças Armadas "pacificadas"
Uma ala do governo defendia que um civil assumisse o gabinete por suspeita dos militares. Esse grupo acabou vencido pelos ministros da Defesa, José Múcio Monteiro, e da Casa Civil, Rui Costa, que convenceram Lula da necessidade de o GSI ser comandado por um militar, pois as Forças Armadas estão "pacificadas". Foi com esses argumentos em mente que Lula levou Amaro para um almoço com o Alto Comando do Exército na quarta-feira (3).
A escolha de Lula por Amaro também tinha o objetivo de evitar novos atritos com as Forças Armadas após sucessivas crises na esteira do 8 de janeiro. O GSI foi historicamente chefiado por militares, e sempre funcionou como mais um ponto de contato entre o governo e a caserna.
Apesar do respaldo dos militares e de homens fortes do governo, Amaro assume o GSI com funções esvaziadas. Em março, Lula tirou a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) do guarda-chuva do gabinete e a transferiu para a Casa Civil. O presidente também delegou à Polícia Federal (PF) a função de fazer a sua segurança pessoal em vez de contar com os militares do GSI por não confiar nas pessoas lá lotadas.