O procurador-geral de Justiça do Rio Grande do Sul, Marcelo Dornelles, rebateu, nesta sexta-feira (23), afirmações do prefeito afastado de Canoas, Jairo Jorge, sobre supostos erros do Ministério Público (MP) na investigação que levou ao afastamento dele da administração do município. Em entrevista nessa quinta-feira, o político citou a acusação de que teria recebido, durante uma reunião, em São Paulo, propina para firmar contratos superfaturados de prestação de serviços à prefeitura com empresas envolvidas em esquema de corrupção. Jairo Jorge afirma ter provas de que estava no Rio Grande do Sul na data em que a denúncia diz ter ocorrido o encontro.
Dornelles vê uma tentativa de tirar crédito de toda a denúncia, com base em um ponto "pequeno".
— Isso é um detalhe bem pequeno diante de toda a investigação. O que aconteceu ali é bem claro e não tem erro nenhum — afirmou o procurador-geral em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha.
Marcelo Dornelles explicou que a informação inicial sobre a presença do prefeito afastado de Canoas neste encontro teve como base a quebra de sigilo telefônico de suspeitos de operarem o esquema criminoso em São Paulo e constou apenas no pedido de afastamento do cargo, sendo depois corrigida na denúncia contra Jairo Jorge apresentada ao Judiciário.
— Os dois operadores (do suposto esquema de corrupção) de São Paulo, eles estão esperando, neste dia, o Jairo Jorge, e eles falam sobre isso (em conversas obtidas pela investigação) — destacou o procurador-geral de Justiça, acrescentando que o avanço da apuração indicou que o prefeito afastado foi representado neste encontro por um "operador". A movimentação deste suspeito estaria toda documentada na denúncia.
Jairo Jorge foi afastado do cargo em 31 de março por decisão judicial, durante a chamada Operação Copa Livre, do MP-RS. Ele e outras 16 pessoas, entre agentes públicos e empresários, foram denunciados por corrupção (ativa e passiva), lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e peculato, cometidos entre 2020 e 2021. São crimes relacionados à dispensa de licitação e contratos para prestação de serviços terceirizados de limpeza e copeiragem.
O prazo do afastamento cautelar, de 180 dias, encerra na próxima terça-feira (27). Se a medida não for renovada, o prefeito retoma o cargo. Nessa quinta, ele disse que tem "todas as condições" de voltar à prefeitura.
Ouça a entrevista de Marcelo Dornelles na íntegra: