A citação de Eduardo Leite por Gilberto Kassab como um dos possíveis candidatos a presidente em uma aliança de centro e como um dos “líderes do futuro” não é só simpatia. Mais do que afinidade, é um indício de quão avançadas estão as negociações entre PSDB e PSD para juntarem as três letras que têm em comum. Desde 2021 Kassab tenta atrair Leite para o PSD.
Leite resistiu pelo apego ao PSDB, único partido de sua vida, mas com o resultado de 2022, quando os tucanos elegeram apenas 13 deputados federais, o pragmatismo falou mais alto. Conscientes do risco de desidratação, os principais líderes tucanos concordaram em discutir a fusão ou incorporação a outro partido.
Nos últimos meses, os possíveis parceiros foram caindo por diferentes motivos e restaram duas opções: o PSD e o MDB. Ficaram pelo caminho o União Brasil, o Republicanos e o Podemos. Com os outros médios ou grandes, como PL, PT e PP, a união não chegou a ser cogitada.
Ainda que os dois estejam no governo do presidente Lula, o MDB ocupa posições estratégicas e teria mais dificuldades para se desapegar do poder, principalmente com as famílias Barbalho (do Pará) e Calheiros (de Alagoas) dando as cartas. No PSD, Leite não seria candidato natural à Presidência. O nome citado em primeiro lugar por Kassab é o do governador do Paraná, Ratinho Júnior, que já é do PSD, está no segundo mandato, tem altos índices de aprovação e um pai comunicador que ajudaria a alavancar a possível candidatura. Só que Ratinho pode preferir o Senado, onde teria uma eleição garantida.
Leite não pensa no Senado. Sendo candidato ou não, quer trabalhar pela construção de uma candidatura de centro e fazer o sucessor no Rio Grande do Sul. Deixa claro que está fardado, mas não será candidato dele mesmo. Como Tarcísio Gomes de Freitas tende a disputar a reeleição em São Paulo, Leite acredita que há um amplo espaço entre o PT e o bolsonarismo para construir uma candidatura e frear o crescimento de outsiders como Pablo Marçal.
O governador deixa claro que não existe um compromisso formal de apoiar o vice Gabriel Souza, mas diz que o considera o mais preparado para defender o legado do seu governo e assumir o Piratini sem interromper os projetos que estão em andamento.