O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), informou nesta quarta-feira (18) que não participará da reunião convocada pelo presidente Jair Bolsonaro por estar com agenda extensa, mas cobrou uma pauta mais objetiva do governo e disse que não iria para reunião só "para fotografia".
As declarações foram dadas após reunião de líderes partidários na Câmara para debater o projeto de decreto legislativo que será votado pelos deputados para reconhecer estado de calamidade pública no país em decorrência da crise do coronavírus.
A participação de Maia na reunião era vista por aliados como uma armadilha de Bolsonaro para compartilhar com o presidente da Câmara e o do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), o desgaste de um panelaço marcado para a noite desta quarta contra o governo.
Maia afirmou que não poderia estar presente no encontro por causa da agenda extensa do dia. Além do projeto de decreto de calamidade, a Câmara prevê votar uma medida provisória que dá desconto e melhora condições de parcelamento a devedores que resolverem regularizar suas pendências com o governo.
O deputado disse estar à disposição e afirmou que poderia encontrar com o presidente no Palácio do Planalto, na Câmara, no Senado, no Supremo Tribunal Federal e em outro ambiente, desde que com uma pauta definida.
— Nesse momento, o nosso tempo tem que ser focado numa pauta definida. O presidente nos convida para conversar. Temos que organizar a pauta, saber qual é a pauta e, com isso, a gente poder avançar num diálogo objetivo que construa soluções para os brasileiros. Não apenas uma pauta para fotografia — afirmou.
Maia também ressaltou não estar preocupado em dizer que tem um relacionamento bom ou ruim com o presidente:
— O importante nesse momento é que tudo aquilo que o governo encaminhar para a Câmara dos Deputados e que for urgente para salvar vidas e depender do Parlamento brasileiro, da Câmara, e tenho certeza do Senado, a sociedade brasileira, que elegeu o presidente e todos aqueles também que não votaram nele terão por parte do Parlamento total apoio e urgência nessas votações.
O presidente da Câmara elogiou a entrevista coletiva convocada pelo governo nesta quarta para falar sobre as medidas que estão sendo tomadas para conter a disseminação da doença.
— Hoje eu vi uma foto de um governo tentando organizar um enfrentamento à crise. Acho que hoje, talvez pela primeira vez, a gente tenha visto uma foto onde a sociedade fala "agora sim começaram a se preocupar com a vida das pessoas" — disse.
Apesar do elogio, o presidente da Câmara disse que o governo está "atrasado" no tempo para enfrentar o coronavírus. Ele defendeu reforço na fiscalização de passageiros que chegam de outros países.
— Isso para mim parece uma questão emergencial, como a questão das fronteiras, que o Brasil não fechou todas as suas fronteiras, mas os outros países estão fechando — afirmou.
O projeto de decreto legislativo reconhece estado de calamidade pública no Brasil em decorrência da crise do coronavírus.
Pelo texto, relatado pelo deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), o Congresso reconhece até 31 de dezembro o estado de calamidade pública no país, que desobriga o governo de observar a meta de resultado primário e a fazer contingenciamento das despesas para cumprir as estimativas iniciais.