O ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho contou, em delação premiada à Operação Lava-Jato, que dinheiro vivo de Marcelo Odebrecht foi entregue no escritório de advocacia de José Yunes, amigo do presidente Michel Temer, em São Paulo. Segundo Melo Filho, a quantia seria parte dos R$ 10 milhões que o empreiteiro destinou como doação para campanhas ao PMDB. As informações são do BuzzFeed News.
Conforme a publicação, houve um jantar, em maio de 2014, entre Marcelo Odebrecht e Michel Temer, que também contou com a presença do atual ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. No encontro, o empreiteiro acertou a doação. Melo Filho explicou aos investigadores que, dos R$ 10 milhões, R$ 6 milhões teriam como destino Paulo Skaf, candidato do PMDB ao governo de São Paulo, e os outros R$ 4 milhões foram enviados a Padilha para campanhas da sigla.
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Segundo dados do TSE, a Odebrecht repassou R$ 11,3 milhões ao PMDB em 2014. Skaf disse desconhecer o jantar e que nunca recebeu recursos não contabilizados. Já o ministro Eliseu Padilha falou que, como não foi candidato, não solicitou e nem recebeu ajuda financeira.
À reportagem, Yunes disse que as alegações do delator são "absurdas" e "completamente inverídicas". Além disso, afirmou que seu escritório de advocacia nunca foi palco para o recebimento de recursos da Odebrecht e que não mantém relações com a empresa.
Eduardo Cunha
A relação de Yunes e Temer já havia sido abordada pelo ex-deputado Eduardo Cunha. Ao chamar o presidente como sua testemunha de defesa, Cunha e seus advogados encaminharam a ele uma lista com 41 perguntas, das quais 21 foram barradas pelo juiz Sergio Moro. Entre as perguntas que foram vetadas por Moro, duas miraram diretamente na amizade de Temer e Yunes: 1) "Qual a relação de Vossa Excelência com o Sr. José Yunes?" e 2) "O Sr. José Yunes recebeu alguma contribuição de campanha para alguma eleição de Vossa Excelência ou do PMDB, de forma oficial ou não declarada?".
Ao recusar as questões, Moro justificou que o presidente da República tem prerrogativa de foro e que não é investigado.