O novo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), disse neste sábado (1º), em seu primeiro discurso à frente do cargo, que defender a estabilidade econômica é defender a estabilidade social, mencionando a responsabilidade fiscal.
O deputado também defendeu as emendas parlamentares, mecanismo de distribuição de recursos por congressistas que está sendo questionado no Supremo Tribunal Federal. Ele falou logo depois de assumir a cadeira de presidente da Casa, que recebeu do agora ex-presidente Arthur Lira (PP-AL).
— Não se pode mais discutir o óbvio. Nada pior para os mais pobres que a inflação, a falta de estabilidade na economia — declarou ele, mencionando a responsabilidade fiscal como caminho para essa estabilidade.
— Não há democracia com caos social, não há estabilidade social com caos econômico. Defenderemos a democracia porque defenderemos também as melhores práticas das melhores políticas econômicas — disse Motta.
O parlamentar declarou ainda que "não podemos continuar penalizando nossa gente".
— O povo brasileiro não quer a divisão da ideologia, mas a multiplicação no seu dia a dia — disse o novo presidente da Casa.
Motta afirmou que as convergências constroem. Disse também começar sua gestão sob o impacto "da confiança depositada" — ele teve 444 votos de 513 possíveis.
No discurso, Hugo Motta disse que o Legislativo "jamais avançou em nenhuma prerrogativa". A declaração é uma resposta à análise de que o aumento das emendas parlamentares são uma usurpação de poder do Executivo. Afirmou, porém, ser favorável a mais transparência — para a Câmara e os demais poderes. Segundo ele, é possível aperfeiçoar as emendas, mas seus aumentos recentes são um caminho sem volta.
Hugo Motta fez várias referências a Ulysses Guimarães. Por exemplo, que a memória do político deve "iluminar corações e mentes". Disse "viva a democracia" e que tem "ódio e nojo" a ditaduras. O deputado disse que não existe parlamento forte em ditaduras.
— Ulysses afirmava que o presidencialismo absoluto deixava de existir com a nova Constituição — declarou.
Também disse que "passou o tempo do dedo na cara, é hora do olho no olho".
Encerrou com uma referência ao filme Ainda Estou Aqui, que exalta Eunice Paiva e critica a ditadura militar.
— Ainda estamos aqui — disse ele, em um aceno a políticos de esquerda.