A expressão fechada da presidente Dilma Rousseff no jogo de abertura da Copa das Confederações, sábado, não poderia ser diferente. Há uma semana, a presidente viu sua popularidade cair oito pontos percentuais, de 65% para 57% segundo o Datafolha. No sábado, foi a vez de ouvir, ao lado do presidente da Fifa, Joseph Blatter, a vaia de boa parte dos 67 mil torcedores que foram ao estádio nacional Mané Garrincha para assistir à partida entre Brasil e Japão. E não foi uma única vez. Foram três manifestações contrárias: quando o nome de Dilma foi anunciado, quando a presidente foi citada por Blatter e quando ela declarou oficialmente aberta a competição no país.
O Planalto negou qualquer mal-estar com as manifestações. A ordem entre os governistas, inclusive, é não fazer alarde sobre o episódio. A Zero Hora, assessores presidenciais sustentaram que os torcedores que compareceram ao Mané Garrincha queriam assistir à partida de futebol e, portanto, qualquer autoridade seria vaiada. A avaliação também leva em conta que a maior parte do público presente pertence a classes econômicas altas - que pagaram caro pelos ingressos - e que tenderiam a rejeitar o governo do PT.
- Não é reflexo de nenhuma insatisfação popular, até porque não tinha populares ali - avaliou um interlocutor da presidente.
Integrantes do governo consideram que a demora para a retirada dos ingressos e os tumultos fora do estádio podem ter contribuído para a insatisfação do público. Ainda que o Planalto negue incômodo, as vaias eram temidas pela equipe presidencial já durante a preparação do evento. No planejamento da abertura, a Fifa propôs que Dilma fosse até o gramado para cumprimentar a Seleção. A equipe do cerimonial da Presidência vetou o ato.
A vaia à presidente animou os oposicionistas, que exaltaram o ambiente de "deterioração" do governo. Presidente do PSDB de Minas Gerais e cotado para coordenar a campanha de Aécio Neves à Presidência em 2014, o deputado federal Marcus Pestana (PSDB-MG) criticou o estilo "autoritário" e "pouco simpático" de Dilma Rousseff.
- Três vaias não são uma coisa acidental. A presidente não é carismática. Vamos explorar esse contraste e mostrar que o Aécio está disposto a conversar - explica o tucano.
O PSDB já apresenta o senador Aécio Neves em seu programa de TV com o bordão "Vamos Conversar". A intenção é colocá-lo como alguém de diálogo e com interlocução política.
A presidente deverá participar do encerramento da Copa das Confederações, dia 30, no Maracanã. Não há previsão de discursos. O Planalto nega qualquer relação com as vaias.