Daniel Guerra (PRB) mal sentou na cadeira de prefeito e o cargo para 2020 já está sendo cobiçado. Um dos principais aliados da dobradinha PMDB/PDT, o PTB quer apresentar candidato para a próxima eleição municipal.
O principal nome da sigla é o do vereador reeleito Adiló Didomenico. Nas duas últimas eleições para o Legislativo, ele obteve boas votações – fez 6.324 votos em 2012 contra 5.481 no ano passado. A redução da votação pode ser reflexo do afastamento da Câmara durante o período em que comandou a secretaria de Obras e Serviços Públicos no governo Alceu Barbosa Velho (PDT). Mesmo com a diminuição, Adiló goza de boa credibilidade com a população.
Sempre ponderado ao comentar sobre as estratégias e movimentações políticas, o presidente do PTB, Flávio Cassina, afirmou que o partido terá candidatura própria na disputa municipal de 2020.
– Na próxima (eleição), ninguém segura o PTB. Vamos com candidatura própria, sem dúvida nenhuma. Quem quiser vir com a gente, é muito bem-vindo, e quem não quiser, não tem problema nenhum. Nós vamos encarar – ressalta Cassina.
Apesar da forte afinidade com o PMDB do governador José Ivo Sartori, o laço parece ter sido rompido depois da eleição passada. Sem citar as legendas, Cassina sugere atribuir a derrota de Edson Néspolo (PDT) a PMDB e PP ao afirmar que “partidos ficaram enrolando” para confirmar a participação na coligação.
Uma parte do PMDB, liderada pelo deputado federal Mauro Pereira e pelo então vice-prefeito Antonio Feldmann, tentou emplacar uma candidatura própria. Já o PP aguardava a decisão dos peemedebistas pela candidatura própria para indicar o nome para o candidato a vice. Com a derrota dentro do partido, Feldmann tornou-se candidato a vice na chapa liderada pelo PDT, e o PP decidiu ingressar na mesma coligação.
Confira a seguir a entrevista com Flávio Cassina.
Pioneiro: Qual avaliação o PTB fez sobre o resultado na eleição?
Flávio Cassina: O PTB foi bem e aumentou a votação (dos vereadores). O PTB tomou o caminho certo já no primeiro momento e não ficou enrolando ninguém, ao contrário de outros partidos, que proporcionaram um prejuízo muito grande para a coligação e ficaram no vai ou não vai, tem candidato não tem candidato, apoia e não apoia, foi um horror. O PTB foi aliado de primeira hora, se garantiu e foi até o fim, tanto que cresceu na sua votação. Agora, outros não dá para dizer o mesmo. Foram muito indecisos e demoraram para tomar as decisões. Era uma eleição que teoricamente era para ter vencido no primeiro turno, mas tinha muita gente puxando para baixo. O oponente aproveitou uma onda nacional da mudança, e o nosso candidato pagou tributo por essa vontade nacional da mudança. O povo não quis saber muito se a mudança era para melhor ou para pior.
O PTB chegou a cogitar de ter candidatura própria ou concorrer a vice na última eleição?
Sim, tivemos vários convites, porém todos nós temos que ter noção do nosso tamanho. A gente tem que se olhar no espelho de vez em quando. Por isso que a gente não arriscou uma aventura um pouco maior, não era nossa hora ainda. Na próxima (eleição), ninguém segura o PTB. Vamos com candidatura própria, sem dúvida nenhuma. Quem quiser vir com a gente, é muito bem-vindo, e quem não quiser, não tem problema nenhum. Nós vamos encarar.
Quais partidos convidaram o PTB para formar chapa?
Várias composições foram propostas, mas achamos que não era o nosso momento. Foram mais contatos como vice, mas também tinha a hipótese de ser cabeça de chapa. Sempre fomos aliados fiéis. A gente abraçou de verdade e não teve escamoteamento. Somos o partido mais fiel da coligação.
Por que agora tomar essa decisão de ter candidatura própria?
Chegou o nosso momento. Chega de ser reboque dos outros. É hora de conquistar o nosso espaço.
Quais foram os fatores que determinaram a derrota de Edson Néspolo?
A onda nacional de mudança e, em nível local, também a mudança. Também porque havia muitos partidos e uma espécie de saturação dos partidos. Teoricamente, o oponente principal, que era o PT, também ficou perdido no meio do caminho. Todo mundo primeiro tirou o PT e depois resolveram mudar.
O PTB participou da coordenação da campanha de Néspolo?
Sim, mas não como gostaríamos. Teve muito palpite junto, muita dúvida, uma sucessão de erros. Nosso candidato era teoricamente desconhecido. Tinha uma boa passagem como vereador, mas há mais de 20 anos. A Festa da Uva é um segmento importante, mas, num cenário político moderno, era um candidato praticamente desconhecido da grande massa. Mesmo assim, conseguimos fazer 43% dos votos no primeiro turno. Faltou um pouquinho mais para liquidar a fatura. O recado das urnas foi muito forte.
E quais foram os erros da coordenação da campanha?
A coordenação estava um pouco perturbada porque era muita gente dando palpite e ideias diferentes que foram difíceis de concatenar tudo. É difícil resumir a ideia de um grande grupo, então isso atrapalhou muito. E alguns partidos que notoriamente puxaram para baixo, e não preciso nem dizer quais são. Não ajudaram mesmo. Se não fosse o PTB e o PSB, (a coligação) já tinha implodido há muito tempo, e talvez nem saísse essa coligação. Os dois (PTB e PSB) assumiram o compromisso desde o início, foram até o fim.
Entrevista
PTB anuncia desde já que partido terá candidatura própria na próxima eleição de 2020, em Caxias do Sul
Em 2020, "ninguém segura o PTB", diz o presidente da sigla, Flávio Cassina
André Tajes
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