
Está nas atas das reuniões do Conselho Nacional da Previdência Social a prova de que o ministro Carlos Lupi foi alertado na metade de 2023 sobre o crescimento das reclamações de segurados do INSS sobre descontos indevidos nas suas aposentadorias e pensões. Não eram descontos para órgãos do governo, mas para sindicatos e associações que lesavam velhinhos e velhinhas, aproveitando-se da ignorância digital. Só que os letrados que entravam nos contracheques e percebiam os descontos indevidos formalizavam as reclamações e não obtinham resposta.
O que aconteceu a partir do momento em que o ministro Lupi foi informado da fraude em andamento? Um crescimento exponencial do número de sindicatos e associações autorizados a descontar direto na folha supostas mensalidades para instituições que nem conheciam. O ministro diz que começou a tomar providências a partir das denúncias, mas passou o resto de 2023 e todo o 2024 sem que tenha tentado, de fato, estancar a sangria.
Foi um órgão do governo, a Controladoria-Geral da União, que identificou a dinâmica das fraudes e chamou a Polícia Federal. Veio a Operação Sem Desconto, que afastou o presidente do INSS Alessandro Stefanutto. No primeiro momento, Lupi o defendeu, assumiu a responsabilidade pela escolha e disse que era preciso respeitar a presunção de inocência. Precisou que o presidente Lula, preocupado com o estrago na imagem do governo, mandasse demitir o presidente do INSS para Stefanutto “pedir exoneração”.
Por que Lula mantém Lupi no comando do Ministério da Previdência? Porque precisa do apoio do PDT e ele é o presidente nacional do partido. Só que Lupi não é o PDT nem, pode arvorar-se dono do partido. Seus deputados são todos maiores de idade e podem muito bem se rebelar contra o comando de um líder que não lidera, mas impõe sua vontade.
O PDT, se quer ter futuro como partido, deveria ser o primeiro a exigir que quem desviou dinheiro de aposentados e pensionistas devolva centavo por centavo e que essas entidades de fachada sejam impedidas de descontar direto do INSS. Se alguém quiser contribuir para uma entidade associativa, que faça pix ou pague o bom e velho boleto.