A falta de dinheiro e de habilitação do Hospital Tacchini para cirurgias de ortopedia e traumatologia de alta complexidade pelo Sistema Único de Saúde (SUS) mantém pelo menos 2 mil pessoas na fila de espera em Bento Gonçalves e região. Deste número, cerca de 650 são moradores de Bento.
Os procedimentos incluem colocação de próteses de joelho e operações no quadril e na coluna, casos em que a fila simplesmente não anda. Nas operações de média complexidade, para as quais o Tacchini é habilitado, a lista avança lentamente: os bento-gonçalvenses têm esperado cerca de um ano.
– Me envergonha dizer, mas a fila da alta complexidade não está andando – lamenta Marco Antonio Ebert, coordenador médico da Secretaria da Saúde de Bento.
Leia mais
Alta da gasolina já chegou nas bombas de Caxias
Mudança forçada no local da Feira do Agricultor revolta feirantes e consumidores, em Caxias do Sul
Os casos costumam ser encaminhados para Caxias do Sul mas, quando não há vagas e o caso é urgente, a prefeitura de Bento Gonçalves acaba obrigada a pagar para que o paciente seja operado no Tacchini. Entre custos de cirurgias e internações, o município gastou cerca de R$ 1 milhão apenas no ano passado, conforme Ebert.
Além da ortopedia e traumatologia, que é a especialidade mais crítica, Bento também tem pago por cirurgias cardíacas. Pacientes com politraumatismos, casos de vítimas de acidentes de trânsito, por exemplo, também têm prioridade.
– O que é urgência, que coloca risco à vida, estamos priorizando. Nos socorremos ao Tacchini quando esgotam todas as possibilidades, quando não se consegue em Caxias. O paciente é atendido pelo SUS, mas custa ao município – revela.
Em função disso, Bento Gonçalves pleiteia junto ao Ministério da Saúde a habilitação para o Tacchini realizar as operações de alta complexidade pelo SUS. O hospital já tem a estrutura, mas falta a verba para custear os procedimentos.
– O hospital tem capacidade técnica. As habilitações são um processo encaminhado pelo Estado ao Ministério da Saúde e, extraoficialmente, sabemos que estão temporariamente suspensas – lamenta o coordenador.
Ele acredita que a fila aumente ainda mais porque, além de moradores dos 22 municípios da região, pessoas que não conseguem atendimento em outras partes do Estado acabam procurando Bento na esperança de agilizar os procedimentos, o que, infelizmente, não ocorre.
Para cirurgias vasculares, em otorrinolaringologia, urologia, geral, ginecológica, de cabeça, pescoço e oftalmológica, a espera tem sido de cerca de dois meses, o que é considerado um bom prazo pelo município.
Alta complexidade
Em Bento Gonçalves, dois mil pacientes esperam por cirurgias pelo SUS
Hospital Tacchini não tem dinheiro e habilitação para realizar procedimentos de ortopedia e traumatologia de alta complexidade
Pioneiro
GZH faz parte do The Trust Project